| 14/10/2009 16h57min
Produzir leite na Europa deixou de ser uma garantia de renda e qualidade de vida para os produtores. O governo sempre impôs limites na produção leiteira. Porém, com o aumento da produtividade e as mudanças no mercado mundial, a situação perdeu o controle.
Na feira de animais, na região central da França, em meio aos stands de produtos e serviços, mais de 200 produtores de leite e de carne aguardavam uma resposta do governo, com a visita do ministro da agricultura Bruno Lumer. Nas camisetas, a declaração direta: os produtores de carne bovina estão enojados. No caso deles, são os preços dos animais abatidos que não acompanham o aumento dos custos.
Nas placas, a pressão era para as principais autoridades da França. Até mesmo uma vaca passeou pela feira fazendo parte das manifestações.
O presidente da Federação Bovina Nacional, Pierre Chevalier explica que a a renda caiu nos últimos três anos em 45%.
— A pecuária na França e na Europa está morrendo. Isso justifica as manifestações para pedir ajuda, porque não acreditamos mais no trabalho deles. Precisamos que os setores de produção sejam privilegiados para garantir a independência alimentar e segurança sanitária. Queremos um mecanismo que regule o mercado — disse Chevalier.
O tom pacífico foi se tornando agressivo, com a impaciência dos produtores. A comitiva do governo até arriscou visitar os stands, mas não conseguiu nem entrar e foi empurrada pela multidão.
O descontentamento com o leite ocorre nos principais países produtores da Europa. Bélgica, Alemanha e Holanda passam por situação parecida. No mês passado, foram vários protestos. Em um deles, os produtores distribuíram garrafas de leite para a população no centro de Paris.
A conta é simples: redução dos subsídios e aumento da produção além do limite imposto pelo governo. O resultado: o preço caiu.
A política de limites na produção ainda esta em discussão, a região sul da França quer um mercado conservador. Já no norte, os produtores preferem o livre comércio.
Longe de uma solução, o produtor de leite Raul Junet acredita que a ação mais agressiva é obrigatória para mostrar ao Ministério e à França que é necessário escutar mais os pecuaristas.
— A situação está critica. Não se pode fazer uma política agrícola sem produtores. Se o ministro quiser voltar, que venha com uma proposta interessante para nós — finalizou Junet.
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