Reunido nesta terça, dia 22, com o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe dos inspetores, Hans Blix, denunciou a falsificação de documentos para justificar a guerra no Iraque. Os integrantes do Conselho de Segurança se encontraram para avaliar a possibilidade de as inspeções no território iraquiano serem retomadas.

– Era surpreendente ver que uma parte tão importante dos documentos em que se basearam as capitais (Washington e Londres) para construir seu informe (contra o Iraque) não era sólida. Ouvimos falar de um contrato entre o Iraque e Níger, da importação de 500 toneladas de urânio. Entretanto, quando a Aiea (Agência Internacional da Energia Atômica) conseguiu obter o contrato, não lhe foi muito difícil descobrir que era falso, que foi simplesmente falsificado – declara Blix em uma entrevista à Rádio BBC, a ser transmitida integralmente no próximo sábado pela rede de televisão BBC2.

O chefe dos inspetores da ONU não esconde a inquietação com a descoberta e questiona:

– É muito preocupante. Quem o falsificou? Não é inquietante ver que os serviços de inteligência (americanos e britânicos), que deveriam ter todos os meios técnicos à sua disposição, não descobriram que se tratava de uma falsificação.

Interrogado sobre a possibilidade de as declarações serem uma acusação a tais serviços de inteligência de terem falsificado documentos por ordem de Washington e Londres, Blix respondeu que não ia "tão longe". Quanto ao papel do secretário de Estado norte-americano, Colin Powell – que em um pronunciamento ante o Conselho de Segurança antes do conflito, antecipou umas "provas" contra o Iraque, que o próprio Blix qualificou de infundadas –, o chefe dos inspetores também mostrou prudência:

– Quando alguém está acima (da hierarquia) e recebe documentos, não pode comprovar tudo – finalizou.