| 30/09/2009 21h50min
Mudanças climáticas devem prejudicar a produtividade das lavouras no mundo e aumentar a fome nas próximas quatro décadas. É o que revela o mais amplo estudo sobre a influência do aquecimento global na agricultura. O relatório do Banco Mundial, divulgado nesta quarta, dia 30, afirma que os países em desenvolvimento terão que investir R$ 7 bilhões por ano para combater os efeitos das mudanças climáticas no campo.
O capítulo dedicado à agricultura projeta para 2050 um aumento da fome no planeta. Vão ser 25 milhões de crianças desnutridas a mais nos países em desenvolvimento.
Computadores fizeram o cruzamento de dados sobre chuva, temperaturas e solos em todas as regiões do planeta, projetando a situação nos próximos 40 anos caso as emissões de gases poluentes continuem aumentando. O aquecimento global vai bagunçar o clima no planeta e prejudicar bastante a agricultura.
A produtividade das lavouras de trigo vai cair 30%. Nas plantações de arroz, a queda será de 15%.
Com a quebra de produção, os preços devem disparar. Sem os efeitos das mudanças climáticas, o trigo já teria elevação de 40%. Com o aquecimento global, os preços devem crescer até 194%. Para 2050, o aumento no preço do arroz seria duas vezes maior, atingindo 120%. Efeito semelhante aconteceria no milho, com aumento de preços que passariam de 60% para 153%.
O analista de mercado Élcio Bento confirma o risco para a alimentação da população. No entanto, ele acredita que se os preços crescerem, mais áreas vão ser abertas para o plantio. O cultivo de trigo no Centro-oeste brasileiro vai se tornar viável, por exemplo. Cotações em alta também podem estimular mais investimentos em biotecnologia e transgênicos.
— Em se confirmando uma elevação dos preços em função de uma maior disputa por área e maior consumo, nós teremos aqui no Brasil condições de aumentar nossa produção para ganhar mercados internacionais que estariam com preços mais competitivos — avalia Bento.
Os esforços para reduzir o aquecimento global e evitar a crise de alimentos vão ter o seu ápice em dezembro. A conferência do clima, que será realizada em Copenhague, na Dinamarca, vai tentar um acordo entre países para suceder o protocolo de Kyoto e reduzir as emissões de carbono na atmosfera.
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