| 24/09/2009 19h02min
A União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) disse nesta quinta, dia 24, que, além de um retrocesso, seria uma estupidez o governo deixar de lado os investimentos em etanol em prol de se tornar um grande produtor de petróleo. A discussão petróleo versus etanol ganhou força desde a divulgação do marco regulatório do pré-sal. Apesar da polêmica, os especialistas dizem que é possível e necessário o Brasil conciliar as duas estratégias.
Os rumos da política energética com a descoberta de petróleo na camada pré-sal foi o tema de um fórum que reuniu especialistas do setor em São Paulo. Com investimentos bilionários e a promessa de enriquecer o país, o pré-sal ganhou os noticiários e os palanques nos últimos meses. Junto a essa euforia, veio também uma possível ameaça.
— Não podemos correr o risco de inviabilizar as energias renováveis. A produção de petróleo em larga escala não pode ir na contramão do mundo e poluir a matriz energética brasileira — disse o diretor executivo do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.
Grande diferencial para o país, a matriz energética brasileira é uma das mais diversificadas e limpas do mundo. Utiliza 64% de fontes de energia não-renováveis, como o petróleo, 36% de fontes renováveis, como o etanol, e 10% de gás natural. A pergunta é: existe o risco de sujar essa matriz com o aumento da produção e até exportação de petróleo do pré-sal? A Petrobras, que vai controlar a exploração, garante que não.
O governo reconhece que a discussão dos biocombustíveis perdeu força, mas diz que não há mudança de foco nos investimentos.
— Estão sendo menos comentados no momento, mas os biocombustíveis são muito importantes para a segurança energética e até por se tratar de um combustível renovável e não poluidor ou menos poluidor. Nós temos todo o interesse em prosseguir com os biocombustíveis e até de incentivá-los — avaliou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Entretanto, no discurso feito em um seminário nesta quarta, dia 23, em Brasília, o ministro não descartou a importância estratégica do petróleo.
— Por mais que busquemos as energias alternativas, o petróleo terá a sua posição. O petróleo não produz apenas a gasolina, o querosene e o diesel. É por meio do petróleo que são obtidos subprodutos como o asfalto, o fertilizante e a nafta, que é a matéria prima para a confecção de plástico — explicou Lobão.
A União da Indústria da Cana de Açúcar diz que o futuro do etanol não está ameaçado e negou a existência de um impasse. Além de achar que o pré-sal não representa uma ameaça ao etanol, pelo menos não neste governo, a Unica diz que os usineiros não estão pedindo proteção ao setor. Eles explicam que as discussões recentes e toda a euforia em torno do pré-sal apenas reforçaram um pedido antigo do setor: o de estabelecimento de um marco regulatório para o etanol.
David Zylberstein, que dirigiu a Agência Nacional de Petróleo de 98 a 2001, sugeriu uma forma de conciliar as duas estratégias.
— O governo devia usar a receita proveniente do pré-sal em investimentos em produção de biocombustíveis — defendeu Zylberstein.
CANAL RURALGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.