| 10/09/2009 10h19min
O grupo brasileiro JBS Friboi, o maior de carne bovina no mundo, deve concluir a abertura de capital nos Estados Unidos até o fim do ano. A informação é do ex-ministro Marcus Vinícius Pratini de Moraes, que integra o conselho de administração da empresa. Segundo ele, só falta vencer a burocracia dos órgãos reguladores americanos.
Em entrevista ao Canal Rural, Pratini de Moraes também comentou a polêmica envolvendo religião nos Estados Unidos. O JBS está sendo acusado de demitir funcionários por não aceitar práticas religiosas que afetam a jornada de trabalho.
O ex-ministro, membro do Conselho de Administração do grupo JBS Friboi participou de um evento sobre sanidade animal nessa quarta, dia 9, em São Paulo. Segundo ele, o processo de abertura de capital nos Estados Unidos está em fase adiantada. Com a medida, a unidade norte-americana da empresa espera captar US$ 2 bilhões.
– Nós fizemos a consulta para o órgão equivalente a CVM (Conselho Monetário Nacional) deles. Essa consulta está sendo respondida e eu acredito que isso vá acontecer antes do fim do ano. Superadas todas as etapas burocráticas de consulta e controle, nós podemos executar, mas nesse meio tempo, estamos cuidando de outras coisas também – afirmou Pratini.
Entre essas outras coisas está a redução nas exportações, que vem sendo enfrentada pelo setor desde que a União Europeia restringiu as compras de carne brasileira. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior, apesar da recuperação dos embarques em julho, em agosto, as vendas externas de carne in natura voltaram a cair tanto em volume, quanto em receita. Para Pratini de Moraes, a queda do mês passado foi pontual:
– Isso é cíclico. Nos países árabes você vende, vende, vende, e de repente para, e nesse momento a oferta continua, os preços tendem a cair. É o que aconteceu recentemente por causa do Ramadã, um período religioso, então as exportações são muito grandes antes. E quando ocorrem as festividades do Ramada, há uma redução muito grande nos embarques. É normal essa variação estacional, inclusive. Não reflete uma tendência.
E um episódio envolvendo o Ramadã, mês sagrado dos muçulmanos, pode levar a empresa a enfrentar uma ação judicial. Segundo informações do Wall Street Journal, a Comissão Norte-Americana de Oportunidades Iguais de Emprego alegou que trabalhadores de duas unidades da JBS foram demitidos ilegalmente por causa da religião.
Em setembro de 2008, funcionários teriam protestado, alegando que seus horários de trabalho não foram ajustados para seguir as pausas para orações no período. Segundo Pratini, a JBS sempre respeitou os trabalhadores.
– Realmente houve em determinado momento uma dificuldade para conciliar os horários de folga, que nos frigoríficos são difíceis de mudar, com alguns requisitos de alguns funcionários. Como em todo lugar, nós respeitamos muito os nossos colaboradores e seguimos com muito vigor todas as regras trabalhistas aqui no Brasil, Estados Unidos, Austrália, Itália, onde quer que operemos. E creio que podemos enfrentar esse problema, mas com a tranquilidade e aobjetividade com que sempre conduzimos o nosso negócio – declarou o ex-ministro.
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