| 07/09/2009 09h30min
A recessão não cruzou a porteira da Expointer 2009. Um ano depois do estouro da crise global, a feira encerrou-se nesse domingo, dia 6, com recorde histórico em volume de negócios com máquinas em alta e animais em baixa.
Em nove dias foram vendidos em máquinas, animais e agricultura familiar e artesanato, o equivalente a R$ 805,36 milhões, mais do que o dobro do resultado obtido no ano passado, quando o setor ainda vivia uma fase de euforia com a expansão da economia mundial interrompida bruscamente pela quebra de bancos no Exterior. Quase sua totalidade, representada pela venda de maquinário agrícola, que alcançou R$ 795 milhões – 114% a mais do que no ano passado, superando até o resultado de R$ 680 milhões obtido na Agrishow 2009.
Neste ano, o governo do Rio Grande do Sul inovou e incluiu as vendas de automóveis e o financiamento de obras de infraestrutura no campo no balanço geral, o que eleva o resultado para R$ 1,08 bilhão.
– Os números são uma mostra do que vem daqui para a frente. Isso vai ajudar a girar a economia do segundo semestre – avaliou a governadora Yeda Crusius, ao apresentar os dados finais.
O aumento do faturamento foi sustentado pelos programas de financiamento Finame Agrícola e Mais Alimentos. O juro menor e o prazo maior deram fôlego para a retomada das vendas de máquinas para grandes produtores, como as colheitadeiras, explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado, Cláudio Bier.
Recuo na negociação de animais chega a 20,5%
Com a redução nos juros do Programa Finame Agrícola, as vendas para grandes produtores, que haviam recuado com a crise, tomaram impulso. Em vigor desde julho, o corte está garantido apenas até o final do ano, o que estaria provocando uma corrida dos produtores às revendedoras.
– A redução dos juros do Finame está para a nossa indústria assim como o corte no IPI está para as montadoras de automóveis – compara Bier.
Com isso, as grandes máquinas tomaram o protagonismo nos negócios, papel representado desde o ano passado pelos equipamentos para agricultura familiar. Os números das vendas das máquinas, no entanto, não representam um total de negócios confirmados. Neste ano, a concretização deve ser mais fiel aos pedidos porque os bancos ampliaram o rigor para o encaminhamento de propostas.
Na contramão da expansão dos negócios com máquinas, as vendas de animais caíram 20,5% em relação à 2008. Inibidos por sequelas da crise, seca, inverno rigoroso e queda do preço do boi gordo, os negócios com animais não corresponderam ao otimismo inicial das associações de criadores de igualar os R$ 10,56 milhões do ano passado e atingiram R$ 8,39 milhões. São negócios efetivados, diferentemente das máquinas, que revelam os pedidos de financiamento.
– Os dados dos animais são de martelo batido, negócios fechados e comissão recolhida – disse presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto.
O presidente da Associação Brasileira de Angus, Joaquim Mello, entende que a pecuária também deveria ser contemplada por algum estímulo:
– Elogiei as iniciativas de redução de IPI para automóveis, de redução de juros para as máquinas, mas lamento que o setor (pecuário) não tenha sido abrangido por tão boas medidas.
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