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 | 03/09/2009 18h03min

Fórum mostra alternativas para impulsionar exportações de carne

Para ganhar o consumidor estrangeiro, a palavra de ordem é rastreabilidade

Atualizada às 19h40min Bruna Maia | Esteio (RS)

A imagem da carne brasileira nos mercados europeu e australiano ainda é a de um produto mais barato, mas que perde em qualidade. As últimas polêmicas envolvendo a criação de gado em área de desmatamento ilegal na Amazônia pioraram essa situação.

Para ganhar o consumidor estrangeiro, a palavra de ordem é rastreabilidade. O reconhecimento da qualidade da pecuária brasileira depende do sucesso desse sistema. Os dois especialistas que participaram do fórum Sustentabilidade e Saúde nesta quinta, dia 3, durante a Expointer 2009, em Esteio (RS), falaram da importância da certificação e do marketing para que nossa carne ganhe mais destaque lá fora.

A professora do curso de veterinária da PUCRS, Márcia Barcellos, estudou o comportamento do consumidor do Brasil, da Holanda e da Austrália em relação à carne produzida aqui. Nessa pesquisa e em seu curso de pós-doutorado na Dinamarca, ela pôde observar que a imagem que o produto no exterior não é a melhor possível.

Os consumidores do norte da Europa, por exemplo, preferem consumir a carne local, produzida principalmente em confinamento, e por isso mais macia - e também menos saborosa. A carne brasileira, produzida em pastagem, é mais firme e com um sabor mais acentuado.

Um marketing que destacasse as possibilidades dessa carne e os preparos mais adequados para valorizá-la seria extremamente importante pra ganhar esse mercado. Outra característica da carne de pastagem que tem potencial para ganhar os europeus é o fato de ela ter menor teor de gordura e maior quantidade de Ômega 3.

— Natural é a palavra para o consumidor europeu. Nós temos que mostrar pra eles que podemos fornecer isso — disse Márcia, explicando que, além de ser saudável, a carne precisa ter a origem especificada.

Segundo a professora universitária, os compradores exigem que o produto tenha boas condições de sanidade e muitos se sentem culpados por consumir um produto que "desmate a Amazônia". A única maneira de vencer essa barreira é ter um bom sistema de rastreabilidade, que permita ter controle sobre todas as etapas, da pastagem até o container.

Ocimar Vilella, representante do Instituto Ares (agronegócio responsável) concorda com a necessidade de rastrear e certificar o gado. Segundo ele, também é necessário "contar a história verdadeira" para outros países. É preciso mostrar que o Brasil não é só Amazônia, que a maior parte da pecuária brasileira não está no bioma amazônico e que nem toda a pecuária do norte do país desmata ilegalmente. A certificação e uma estratégia de marketing mais adequada podem fazer com que essas informações cheguem ao destino final.

Para Vilella, temos que tornar nossa pecuária mais ecologicamente correta e produtiva. A produção deve crescer verticalmente, o que significa produzir mais carne em menos espaço. A intercalação com a agricultura, por exemplo, agregaria nutrientes a pastagens degradadas. O melhoramento genético, que permite ter animais cada vez mais robustos e a gestão ambiental necessária aos novos tempos, é outro ponto essencial.

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