| 31/08/2009 16h18min
Evitar a infestação de pragas nas lavouras e diminuir a emissão de gases causadores do efeito estufa. Isso tudo sem reduzir a produtividade do arroz. É possível? Esse foi o ponto central da discussão na Casa RBS na manhã dessa segunda, dia dedicado ao debate de temas ligados ao arroz irrigado.
No Fórum organizado pelo Instituto Riograndense do Arroz (IRGA) em parceria com o Canal Rural, meio ambiente e produção sustentável permearam a apresentação dos painelistas. O professor da faculdade de agronomia da UFRGS Aldo Merotto Júnior preocupou-se em mostrar que a manutenção de bons índices de produtividade é essencial para que a cultura de arroz sobreviva no aspecto econômico e social.
Merotto colocou as plantas daninhas, principalmente o arroz vermelho, como ameaças às lavouras de arroz. A praga está se tornando cada vez mais resistente aos herbicidas utilizados, causando perdas nas plantações de todo o mundo. Nos países em desenvolvimento o prejuízo pode chegar a 35%, e, mesmo em Estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com experiência no cultivo de arroz, cerca de 10% da produção é perdida em razão da infestação de arroz vermelho.
– Mesmo com a preocupação que se tem o mundo perde 10%, 15%, 35% do que produz. O controle disso pode ser importante inclusive para conter a fome no mundo – explicou Merotto.
Arroz vermelho é ameaça à produtividade
A expectativa para os próximos anos é de que a produtividade do Rio Grande do Sul sofra uma redução em função da resistência cada vez maior do arroz vermelho. A saída para isso seria apostar em técnicas como a rotação de culturas, métodos de preparo do solo e novos tipos de herbicidas, entre outras técnicas de manejo e plantio.
O palestrante seguinte, também professor de agronomia da UFRGS, Cimélio Bayer, falou sobre a importância de diminuir a emissão de gases causadores do efeito estufa na produção de arroz. O controle do metano – tipo de gás presente em menor quantidade na atmosfera, mas capaz de reter 23 vezes mais calor que o dióxido de carbono – foi o principal alvo da pesquisa realizada por Bayer. O cultivo de arroz seria responsável por 18% das emissões de metano provenientes da atividade agrícola no Rio Grande do Sul. A maior parte (81%) vem da pecuária. No entanto, o fato de não ser o maior emissor não livra os produtores de pensarem em técnicas mais adequadas aos novos tempos de aquecimento global.
O professor salientou que “não adianta ter uma técnica que reduz metano se ela reduz a produtividade”, e que as alternativas ambientalmente corretas podem manter a rentabilidade do produtor. Ele destacou que o chamado cultivo mínimo, em que a terra é preparada após a colheita do grão para ser utilizada no ano seguinte (e não imediatamente antes do plantio), é a forma de cultivo que polui menos.
Bayer expôs também a possibilidade de haver uma compensação pela queda de emissão de gases através do mercado de carbono. Nesse sistema, entidades de países desenvolvidos compensam suas emissões pagando quem tiver projetos para diminuir a quantidade de carbono na atmosfera.
Produtor apresenta alternativas de sucesso
Em seguida o produtor José Mathias, de Mostardas, município ao norte da Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul, mostrou como consegue manter o arroz vermelho sob controle através da conciliação de vários métodos. Mathias, que teve prejuízo por causa da praga na safra 97/98, resolveu adotar os plantios direto e mínimo na sua lavoura e combiná-los com a rotação de culturas. Além disso, Mathias mantém o uso de sementes certificadas e técnicas específicas, como ponto de agulha e irrigação precoce. O produtor tem um projeto para conscientizar seus funcionários e capacitá-los para a prevenção da praga, e, consequentemente, para a realização de uma agricultura mais sustentável.
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