Os produtores rurais reagem contra a revisão dos índices de produtividade, mas governo mantém firme a posição de alterar os critérios. A decisão tomada pelo presidente Lula pode aumentar o número de propriedades destinadas à reforma agrária no país.

A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a senadora Kátia Abreu, passou o dia tentando um encontro com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Sem sucesso, fez um discurso no plenário em que acusa o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de ter pressionado o governo em revisar os índices de produtividade.

– Eu peço encarecidamente ao todos os senadores de todos os partidos que não permitam que o MST possa querer comandar a política do nosso governo, possa querer comandar o orçamento da União em detrimento de outra categoria importante para o país.

A senadora acredita que o governo pode mudar de ideia e engavetar a alteração dos índices, mas essa possibilidade é descartada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.

– Esses termos sempre são envolvidos em muita conversa, eu prefiro me pautar pela decisão do Lula: ele determinou a mim e ao Reinhold Stephanes que, num prazo de 15 dias, a gente publicasse a portaria atualizando os índices de produtividade. É isso que eu to empenhado em fazer.

Mas ainda há divergências no discurso dos ministros.

– Não tem prazo, o presidente pediu que terminássemos os estudos – disse Stephanes.

– Esse estudo está pronto há mais de ano, é uma obrigação do governo reajustar os índices. Isso interessa a todo mundo, pequeno, médio e grande produtor. Se há uma coisa que o Brasil pode ter orgulho é de ter uma agricultura forte, moderna e produtiva. A nossa produtividade de 1975 pra cá mais do que triplicou, não há razão para a gente proteger minorias improdutivas – retruca Cassel.

– Nós temos uma legislação que estabelece a necessidade de haver índice de produtividade. O último foi estabelecido há muitos anos. O presidente solicitou que houvesse o estabelecimento de novos índices de acordo com a realidade atual. Esse trabalho técnico vem sendo feito entre o MDA e o MAPA. Evidentemente que é um assunto polêmico e ainda está a discussão. Temos gente a favor, principalmente algumas organizações sociais. Temos também muita gente contra, talvez não só sob o ponto de vista técnico, mas fundamentalmente por questões conceituais – argumenta Stephanes.

O ministro da Agricultura Reinhold Stephanes viajou e só retorna a Brasília na segunda-feira.

– O ministro Reinhold Stephanes não conversou comigo, eu prefiro então ouvi-lo a respeito do assunto – disse Kátia Abreu.