| 24/07/2009 11h41min
A crise constitucional em Honduras dá ao governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a oportunidade de promover correções na Carta Democrática Interamericana, afirmou nesta sexta-feira o jornal The Washington Post, em um editorial.
"Os diplomatas latino-americanos seguem preocupados com a crise política em Honduras, que oscila entre uma solução negociada que restauraria, condicionalmente, o presidente deposto Manuel Zelaya e uma escalada do conflito que beneficiaria as forças antidemocráticas na região", assinalou o artigo.
Enquanto o drama hondurenho se prolonga, essas forças antidemocráticas, segundo o diário, "continuam avançando em outros países, sem advertências de alguns dos mesmos governos que condenam o despejo de poder de Zelaya".
O Washington Post afirma que era importante destacar a reunião desta semana na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, entre o secretário-geral do organismo, José Miguel
Insulza, e "três dirigentes escolhidos da
Venezuela que, como Zelaya, foram privados de seus cargos e ameaçados com processos judiciais".
Os três políticos venezuelanos são o prefeito de Caracas, Antonio Ledezcma, e os governadores do estado de Zulia, Pablo Pérez, e de Táchira, César Pérez.
"Insulza, um socialista chileno que foi muito forte na defesa de Zelaya, escutou os venezuelanos", acrescenta o editorial.
"Mas o secretário-geral da OEA insistiu que nada pode fazer sobre as ações de Hugo Chávez, nem na Carta Democrática Interamericana aprovada pelos 34 membros ativos da organização em 2001".
Para o jornal, Insulza "ao invés de promover o diálogo (em Honduras), se negou a negociar ou sequer falar com o presidente eleito pelo Congresso Nacional hondurenho para substituir Zelaya".
"Por outro lado (Insulza) uniu-se à tentativa orquestrada pela Venezuela para forçar o retorno de Zelaya, o que, como se podia esperar, levou à violência", continuou o
artigo.
Mas "Insulza tem um ponto válido" em seu
argumento, segundo o editorial, que assinala que "a fraqueza da Carta Democrática é que protege os presidentes do assalto antidemocrático, mas não permite a intervenção da OEA quando é o próprio presidente o responsável pela violação da ordem constitucional, como fez Zelaya antes de ser afastado do poder".
"A crise hondurenha dá ao Governo de Obama a oportunidade de promover mudanças nestas regras", conclui o editorial, ao afirmar que "se o Governo (dos EUA) dependerem de organizações como a OEA para levar sua política na América Latina adiante, deve empurrá-la para resistir aos ataques à democracia quando e onde acontecerem".
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