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 | 10/07/2009 05h10min

Tite pode sair do buraco, mas só se for agora

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br

 Foto: Cecilia Puebla, EFE








Aos poucos, o crédito do Gauchão invicto vai se esvaindo em atuações decepcionantes nos momentos decisivos. Foi assim na classificação para a final da Copa do Brasil com derrota diante do Coritiba. Repetiu-se na decisão, contra o Corinthians. Tornou a acontecer no Beira-Rio frente a LDU, no primeiro jogo da Recopa. E acentou-se ontem, na perda do segundo título em uma semana.

O Inter deveria agradecer aos deuses do altiplano por ter levado só 3 a 0 em Quito. Foi pouco. Agora, até o Gre-Nal do dia 19, passando pelo Atlético-PR na Arena da Baixada, a pergunta será uma só:

Está encerrado o ciclo do técnico Tite após pouco mais de um ano à frente do time? A meu juízo, ainda não. Mas vai estar se Tite insistir no que deu certo no ano passado porém esgotou-se este ano.

Já disse mais de uma vez e, justamente por isso, posso repetir sem receio de ser acusado de profeta do acontecido. É preciso abandonar o modelo tático com o losango de meio-campo: um volante centralizado, outros dois de mesma natureza como apoiadores pelos lados e D'Alessandro mais adiantado.

Não que o sistema seja errado. Não se trata disso. Apenas esgotou-se. Foi a base do título da Sul-Americana do ano passado. Até certo ponto deixou a sua marca na historia do clube. Mas tornou-se previsível, modorrento, burocrático.

Atuações repetidas indicam esta realidade. Magrão e Guiñazu não se colocam adiante da linha da bola. Um deixa para o outro sair, e nunca combinam quando vai ser. Assim, D'Alessandro torna-se o único armador e, quando marcado, deixa o time acéfalo. A rigor, só Taison e Nilmar chegam à frente. É pouco. É depender demais do talento dos dois.

O Inter precisa voltar ao quadrado clássico: dois volantes e dois meias, abrindo o jogo pelas laterais.

Kleber, ao menos, pela qualidade de jogador de Seleção Brasileira, precisa ter mais liberdade ofensiva. Não pode ser um zagueiro pela esquerda. Andrezinho já devia estar no time no lugar de Glaydson desde o segundo jogo contra o Corinthians, no Beira-Rio, a partir da lesão de Sandro.

Convicção é mérito. Teimosia é burrice. E Tite não tem nada de burro.

Nem vou analisar o jogo de ontem por que, em Quito, algumas atuações individuais foram desastrosas e comprometeram qualquer chance de reação conjunta. O gol de Bieler, de cabeça, é clone do assinaldo por Jorge Henrique na final contra o Corinthians. Danny Morais cede o espaço na hora de subir e se perde no lance. Dois erros idênticos em duas decisões. Tomara que ele não fique marcado por isso.

Que culpa tem Tite em lance assim? Magrão parecia sem força. Taison está perturbado, não resta dúvida. E Danilo Silva? Melhor nem entrar no mérito neste caso especíico. O técnico tem sua parcela de culpa, mas também não pode entrar em campo e sacudir com as próprias mãos jogadores, alguns experientes e calejados, e dizer: "Psiu, estamos numa final".

Os erros de Tite são anteriores a ontem. E só cabe a ele corrigi-los. Ainda há tempo. Desde que o Inter não se esconda atrás do biombo da liderança isolada do Brasileirão e insista neste mesmo time e modelo tático, torcendo pelo fim da crise técnica em um passe de mágica.

É possível mudar. E que seja feito o quanto antes. O justo crédito amealhado pelos títulos da Sul-Americana e do Gauchão com vitórias nos Gre-Nais não é eterno.

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