As tonturas, os vômitos e a fraqueza que as irmãs Inês Rodrigues, 27 anos, e Gicelda Solange Rodrigues, 30 anos, costumam sentir a cada colheita do tabaco, em Candelária, no Vale do Rio Pardo (RS), não são só consequências do excesso de trabalho debaixo de sol forte.

Os sintomas vêm de uma doença batizada de Folha Verde do Tabaco (FVT), identificada no mês passado pelo Ministério da Saúde. A FVT é uma intoxicação ocasionada pela folha do tabaco que, em contato com a pele, logo após ser colhida, libera grandes quantidades de nicotina na corrente sanguínea.

Desconhecida no Brasil, a doença era tratada como uma intoxicação comum. Passou a ser estudada por acaso, durante visita de uma equipe do ministério a Alagoas. O mesmo grupo soube de relatos vindos da cidade gaúcha de Candelária.

Após 50 dias no município, entre novembro e dezembro, os técnicos depararam com os mesmos sintomas, mas uma dificuldade maior de realizar o mapeamento: as unidades de saúde do município, quando procurados, sequer notificavam a intoxicação como proveniente da lavoura. Como se não bastasse, os próprios fumicultores resistiam em procurar ajuda médica.

– Achavam que os sintomas estavam relacionados a agrotóxicos – diz a coordenadora-geral de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis do ministério, Deborah Malta.