| 05/07/2009 06h10min
É mesmo dura a vida de treinador. Paulo Autuori e Tite, treinadores respeitados, com títulos regionais, nacionais e internacionais no currículo, dois nomes lembrados por qualquer clube na hora de buscar um novo comandante, apesar de tantas láureas ambos entram na rodada deste domingo sob olhares desconfiados de gremistas e colorados.
O Inter, se não voltar dos Aflitos na liderança do campeonato, enfrentará muxoxos.
O Grêmio, se não ganhar do Atlético-PR em casa, posso apostar: vai ter vaia. E não só das sociais. De intelectual, Autuori passará a burocrata. O estilo sóbrio, antes considerado sinal inconstestável de sua personalidade forte, vai virar apatia.
É uma crueldade.
Autuori pegou o barco no meio da tempestade. Ele pode não ter encontrado as melhores soluções do mundo na
comparação com Celso Roth. Mas, pergunta-se: quem faria melhor com atacantes que não fazem gols e laterais que levam bolas nas costas a todo instante?
Não me venham dizer que se Roth tivesse ficado tudo seria diferente. Com Roth, Maxi López talvez não fosse titular. Não era, ao menos. Roth escalaria Jonas e Alex Mineiro. E contra adversários qualificados. Não para abater Boyacá, Aurora ou San Martín.
O bom senso manda dar tempo a Autuori. Mesmo que o Grêmio leve uma tunda do Atlético-PR. Roth teve um naco de eternidade mesmo diante das derrotas mais inverossímeis. A torcida deve se lembrar disso na hora da irritação.
O caso do Inter é ainda mais revelador da lógica perversa do futebol, que não perdoa alguns resultados ruins.
Tite perdeu a Copa do Brasil na final, para um adversário cujo atacante principal chama-se Ronaldo Fenômeno e cujas rédeas estão nas mãos do melhor técnico brasileiro do
momento.
Dos três campeonatos que disputou desde o
início, venceu dois e foi vice em um. No Brasileirão do ano passado, pegou o time namorando a zona de rebaixamento e terminou em sexto. O criativo, que trouxe Bolívar para a lateral-direita e acertou a defesa rumo ao título da Sul-Americana, torna-se um insuportável burocrata em dias.
Tite errou ao insistir com Danilo Silva quando não havia Bolívar. Ou ao escolher Glaydson em vez de Andrezinho na final, atrapalhando o time na defesa e no meio-campo. Autuori errou ao escalar Alex Mineiro no Mineirão e ao não corrigir as falhas defensivas no lado esquerdo da defesa.
Técnicos falham, assim como atacantes perdem gols, zagueiros são driblados e comentaristas dão previsões furadas. Erramos todos em algum momento. Mas daí a julgar que todos os acertos anteriores de nada valem vai um abismo.
Basta uma derrota para dezenas de vitórias caírem por terra. O currículo de Tite no Inter: 86 jogos, 40 vitórias, 20 empates e 17
derrotas. Autuori recém chegou, mas nunca é
demais recordar: é campeão brasileiro, bi da América e tem um Mundial na bagagem.
Será que eles não têm mais crédito para uma eventual má fase? Vale a pena cogitar a saída deles em caso de alguns insucessos? Me parece que não. Absolutamente, não.
Leia os textos anteriores da coluna No Ataque.
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