| 03/07/2009 19h07min
Apesar do interesse dos estrangeiros e da propaganda que o governo brasileiro faz do etanol, o combustível de cana-de-açúcar ainda é totalmente dependente do mercado interno. Enquanto as exportações não avançarem, os investimentos no setor devem perder força.
O que existe de mais moderno para a produção de etanol, açúcar e bionergia foi apresentado durante o 7° Simpósio Internacional e Mostra de Tecnologia da Agroindústria Sucroalcooleira (SIMTEC), que ocorreu até esta sexta, dia 3, em Piracicaba (SP).
Em 170 stands estiveram distribuídos todos os elos do setor sucroalcooleiro. Equipamentos para o campo, para indústria, novas tecnologias e planejamento para o negócio. De acordo com os organizadores, é possível sair do evento com uma usina inteirinha.
– Por isso tem uma atratividade muito grande de pessoas de outros países, que não produzem etanol e têm interesse. As pessoas vêm aqui buscar tecnologia – diz o coordenador SIMTEC, Matheus Berto.
E é isso que o governo brasileiro quer: estrangeiros de olho na bioenergia produzida aqui. Para convencer o mundo sobre a viabilidade e eficiência do etanol de cana-de-açúcar, o Brasil, através da Agencia de Promoção de Exportações de Investimentos (Apex), vem intensificando a propaganda do setor.
– Estamos tentando exportar equipamentos e tecnologia para produção de etanol de cana. A partir disso, temos uma agregação de valor muito grande no que ofertamos.Nós temos observado um grande intercambio com nossos vizinhos centro-americanos e uma grande potencialidade na África – afirma o coordenador de Projetos da Apex, Eduardo Caldas.
Enquanto o etanol caminha a passos lentos no Exterior, corre a passos largos no país. A frota flexfuel estimada em mais de sete milhões automóveis dá suporte para as apostas no setor. De acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em 2004 os investimentos na indústria da cana-de-açúcar foram de R$ 500 milhões. Já em 2008, o volume financeiro saltou para R$ 6,5 bilhões. E este ano o Banco deve desembolsar até R$ 7,5 bilhões. Mas a crise financeira afastou investidores e fez o número de consultas ao BNDES caírem, por isso o volume aplicado no setor sucroalcooleiro em 2010 deve apresentar redução.
– As usinas que vão entrar em operação este ano. São decisões de três ou quatro anos atrás, em outro cenário econômico. Estes investimentos que já estão em marcha não têm porque serem postergados. Os investimentos que estão sendo postergados são de decisões que seriam tomadas este ano. Talvez agora os novos entrantes do setor estejam mais interessados em adquirir usinas existentes do que novas unidades – afirma o diretor do Departamento de Biocombustíveis (Debio) do BNDES, Artur Yabe Milanez.
Um processo de consolidação do setor que a crise ajudou a desenvolver. Sem expressão nas exportações de etanol, a indústria aproveita os preços recordes do açúcar no mercado internacional e a demanda dos veículos bicombustíveis brasileiros para manter os negócios.
– É um movimento na direção de se ter empresas mais solidas. Talvez um número menor do que a gente tem hoje. Hoje são 400 usinas nas mãos de 200 grupos econômicos. Acho que daqui para frente vamos ter um numero menor de grupos econômicos com as mesmas usinas – afirma o presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar, Marcos Jank.
CANAL RURALGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.