| 04/04/2003 12h02min
Três civis, incluindo um bebê de dois anos, foram mortos no início desta sexta, dia 4 (final de quinta, em Brasília), depois que fuzileiros navais dos Estados Unidos abriram fogo contra um táxi que teria passado por um posto de controle ao sul de Bagdá. O incidente foi o segundo em quatro dias.
Uma quarta vítima – uma mulher – foi ferida e encontra-se em estado grave, informaram autoridades militares norte-americanas. A criança, um menino de dois anos, chegou a ser levada com vida a um hospital de campanha dos Fuzileiros Navais. Entretanto, depois de operada, acabou morrendo.
Os oficiais dos EUA afirmam que o táxi não obedeceu às ordens para que parasse no posto de controle. Os fuzileiros, aterrorizados pelas ameaças de ataques suicidas, abriram fogo contra o veículo.
O bebê foi atingido por um projétil na cabeça. O correspondente médico da CNN no Iraque, Sanjay Gupta, acompanhando o trabalho dos norte-americanos no hospital de campanha, foi requisitado pelos militares a operar o menino, já que era o único neurocirurgião presente. O médico tentou aliviar a pressão no cérebro, mas o menino não resistiu.
Na segunda-feira, em incidente que os Estados Unidos dizem ainda estar sob investigação, soldados norte-americanos dispararam contra uma caminhonete que transportava mulheres e crianças no sul do Iraque, causando a morte de sete passageiros e ferindo dois. O Comando Central dos Estados Unidos, com base no Catar, disse que os soldados abriram fogo porque o veículo recusou-se a parar em um posto de controle perto da cidade de Najaf.
O jornal The Washington Post publicou um relato sobre o incidente registrado nas proximidades de Najaf. A matéria sugeria que, antes de atirar, os soldados norte-americanos não foram claros o suficiente em seus avisos para que o veículo no qual estavam os civis parasse.
Tiros de advertência teriam sido disparados para o alto. Os disparos feitos contra o veículo mataram 7 das 13 mulheres e crianças a bordo. Duas outras ficaram feridas.
Segundo a reportagem do Post, do jornalista William Branigin, que viaja com os soldados norte-americanos, 10 pessoas foram mortas e o capitão responsável pelo posto de controle teria admitido que seus soldados não conseguiram avisar claramente o veículo de que ele seria alvejado se não parasse.
– Você matou uma família porque não disparou tiros de advertência na hora que devia! – teria dito o capitão Ronny Johnson, da 3ª Divisão de Infantaria do Exército depois dos tiros.
Autoridades da área de defesa norte-americana consideraram o incidente um fato trágico e disseram que estão investigando. Mas repetiram que estava correto o relato inicial dos fatos, no qual se fala sobre o disparo de tiros de advertência.
As mesmas autoridades dizem que a morte de civis iraquianos era lamentável e trágica. Entretanto consideram compreensível o fato de os soldados norte-americanos estarem nervosos em vista do atentado suicida do último fim de semana, no qual morreram quatro militares dos EUA.
O Post escreveu que Johnson, estacionado no posto de controle, percebeu uma ameaça em potencial e mandou por rádio que o pelotão avançado de um veículo de combate M2 Bradley disparasse tiros de advertência para o furgão.
– Disparem um tiro de advertência – teria ordenado Johnson enquanto o furgão se aproximava. Então, com maior urgência, o capitão disse ao pelotão que realizasse um disparo com uma metralhadora 7,62 milímetros no radiador do veículo, afirma a reportagem.
O Post disse que a companhia de Johnson havia relatado a morte de 10 dos 15 civis presentes no furgão, entre os quais cinco crianças.
Com informações da rede de notícias CNN e da agência Reuters.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.