| 09/06/2009 19h12min
O ano de 2010 será o boom do açúcar. Foi o que afirmou Pedro Mizutani, vice-presidente do maior grupo sucroalcoleiro do mundo, o Grupo Cosan. O último relatório da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) indica que desde o início da moagem da safra atual, a região centro-sul do país já produziu mais de três milhões de toneladas de açúcar, 89% a mais do que se comparado com o mesmo período do ano passado.
Segundo a Unica, as usinas têm priorizado a produção de açúcar, mas sem comprometer a de etanol.
A priorização do açúcar ocorre em função do preço do produto, que está quase 50% mais alto do que na última safra em função da queda na produção mundial. A Índia, um dos principais mercados, deverá produzir quase 12 milhões de toneladas a menos nesta safra. Ou seja, ao invés de ser exportadora, terá que importar açúcar, o que abre um grande espaço para o Brasil.
O Grupo Cosan vai destinar 55% da moagem à produção de açúcar. No ano passado, foram 40%. Mas o vice-presidente explica que nem todas as indústrias estão conseguindo fazer o mesmo para aproveitar o bom momento.
— Você não consegue, como muita gente pensa, produzir 100% de etanol ou 100% de açúcar. Não existe essa flexibilidade tão grande — diz Mizutani.
No que depender do mercado, segundo o vice-presidente do Grupo Cosan, os preços do açúcar vão continuar em alta e ficar ainda melhores no ano que vem.
— Nesse ano, ainda há um grande contingente de produção aqui e o estoque da Índia ainda é alto, cujo estoque está cada vez mais sendo reduzido. Então, o ano que vem vai ser o boom do açúcar, mesmo na próxima safra, já que a Índia já não vai ter tanto estoque para consumir ela vai ter que importar mais.
No caso do etanol, a situação é diferente. A cotação do produto vem em baixa há pelo menos dois anos. As estimativas da Unica já apontam uma queda de 11% nas exportações, em função do preço do petróleo que tem caído e as dificuldades para enviar o produto aos Estados Unidos. Porém, segundo o executivo da Cosan, o baixo preço do etanol tem um lado bom e a situação deve ser revertida ainda este ano.
— O preço do etanol vai melhorar também esse ano. Só que no começo você tem que fazer esse preço cair para criar a demanda. O preço cai naturalmente porque existe mais oferta do que demanda — finalizou Mizutani.
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