| 03/06/2009 13h07min
O diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavía, fez nesta quarta, dia 3, um dramático retrato de desemprego prolongado, crise social e instabilidade como consequência da recessão econômica. Ele apresentou sua análise durante a explanação de um relatório na Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra.
Somavía aproveitou para pedir um pacto mundial para o emprego com a participação de governos, trabalhadores e empregadores.
– Sabemos por causa de crises passadas que o emprego recupera seus níveis anteriores com uma defasagem de entre quatro e cinco anos. Isto significa que o mundo pode assistir a uma crise de emprego e da proteção social de entre seis e oito anos de duração – disse o diretor-geral da OIT.
Somavía opinou que o mundo enfrenta a "a primeira crise sistêmica" da história e acusou os líderes políticos de não terem dado "atenção suficiente às consequências humanas e sociais dessa defasagem" que fará o desemprego crescer, embora a economia comece a se recuperar.
Segundo as últimas previsões da OIT – que as revisou para cima na semana passada – o ano de 2009 pode acabar com 239 milhões de desempregados no mundo, o que significa uma taxa de desemprego de 7,4%.
E enquanto se prevê que os números do desemprego cresçam até o final de 2010 ou até o início de 2011, apenas as novas incorporações ao mercado de trabalho – que neste ano serão de 45 milhões de pessoas – exigiriam a criação de 300 milhões de postos de trabalho.
– A economia global perdeu o controle porque alguém dormiu ao volante, mas nós todos batemos – afirmou Somavía, que não economizou críticas aos excessos do sistema financeiro e ao esquecimento de valores básicos defendidos pela OIT por parte da "política econômica dominante".
– A pobreza e o emprego precário aumentam. As classes médias se debilitam. A falta de trabalho e de proteção social alimenta a instabilidade e multiplica a violência, o mal-estar social e os distúrbios políticos – diz o diretor-geral em outro momento de seu relatório.
Por tudo isso, disse que "a OIT está em modo de crise" e pediu aos quatro mil delegados presentes – representantes de governos, empregadores e trabalhadores – para que proponham políticas "que reduzam significativamente o período potencial de seis a oito anos de mercado de trabalho deprimido".
Segundo Somavía, isso passa por um Pacto Global pelo Emprego, que deve ser aplicado aos níveis nacional, regional e global, baseado em garantir os trabalhos viáveis, em ajudar às pequenas e médias empresas sustentáveis e que tenha a proteção social como ponto central, entre outros elementos.
Para o diretor-geral da OIT, trata-se de "pôr os alicerces de um caminho de trabalho decente para a recuperação e o crescimento sustentável".
A Conferência Internacional do Trabalho, que termina no dia 19, se reorganizou totalmente para se concentrar especialmente na crise do emprego e na busca de soluções.
Pelo menos 12 chefes de Estado assistirão à Cúpula Mundial do Emprego que será realizada entre os dias 15 e 17 deste mês como parte da conferência.
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva; Nicolas Sarkozy, da França; Cristina Fernández de Kirchner, da Argentina; e Fernando Lugo, do Paraguai foram alguns dos que confirmaram presença.
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