| 30/05/2009 03h
Símbolos do que de melhor foi produzido pelo Inter em 100 anos de história, o Rolo Compressor – em suas duas versões – e o time tricampeão brasileiro nos anos 70 perdem para o atual em efetividade. Ao menos na arrancada. O que pode parecer uma heresia é confirmado por levantamento do historiador Paulo Fortunato. Seus números revelam que nenhum time formado até hoje pelo clube conquistou tantas vitórias em um começo de temporada.
Compare os 33 jogos realizados pelo Inter em 2009 com os períodos de outros times vencedores da equipe
Campeão gaúcho invicto e semifinalista da Copa do Brasil, o time de Tite venceu 28 dos primeiros 33 jogos deste ano. Em 1942, em seu melhor momento, o primeiro Rolo Compressor ganhou 27 em 34.
Único jogador ainda vivo do time oito vezes campeão estadual entre 1940 e 1948, o ex-zagueiro Nena, 85 anos, lembra que, hoje,
até os gramados são melhores. Faz, indiretamente, um elogio a quem,
como ele, conseguiu ser craque seis décadas atrás.
– Hoje, todos os campos têm grama. Na minha época, a maioria era “careca” – sorri Nena, localizado por Zero Hora em Goiânia, onde mora atualmente.
Em 1953, ano de seu auge, o segundo Rolo Compressor (primeira metade dos anos 50), lendário time de Larry e Bodinho, ganhou 22 partidas em 33. Milton Vergara, 78 anos, era um dos goleiros daquela equipe montada por Teté, como o foram Everton, Periquito e La Paz. Ele aponta a estrutura dos clubes como diferença fundamental entre as duas épocas.
– Hoje é mais fácil porque há mais jogadores no grupo. Naquela época, não tinha nem banco de reservas – recorda Vergara.
Participante frequente de excursões de ex-jogadores organizadas pelos consulados do Inter e vice-presidência de Comunicação Social, Vergara aponta seus preferidos no grupo atual.
– Taison é tinhoso. Esse gringo D’Alessandro é muito inteligente. Assim como o
Alecsandro, que, para mim, é tão inteligente quanto era o Larry
– empolga-se.
Comentarista da Rádio Gaúcha e da Rede Globo e colunista de Zero Hora, Paulo Roberto Falcão não se sente à vontade, como integrante do time da década de 70, em fazer comparações com outros. É exigente, porém, ao lembrar que o desempenho do Gauchão ainda precisa ser confirmado na Copa do Brasil e no Brasileirão.
Da mesma geração tricampeã, Jair Gonçalves Prates, o príncipe Jajá, 55 anos, elogia o Inter de hoje por aliar a técnica brasileira com o espírito de luta característico de jogadores argentinos e uruguaios. Influência, segundo ele, de Guiñazu, D’Alessandro e Sorondo.
– Fico muito contente em ver o Inter superar aquela nossa equipe. Mas ainda é preciso ser campeão brasileiro. Na nossa época, cada equipe tinha cinco ou seis craques – comenta Jair, que pretende seguir a carreira de treinador.
Campeão gaúcho invicto e semifinalista da Copa do Brasil, o time de Tite venceu 28 dos primeiros 33 jogos deste ano
Foto:
Diego Vara
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