| 27/05/2009 22h03min
— Absoluta falta de conhecimento da realidade ou agressão desnecessária.
Foi assim que o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, classificou as críticas feitas na manhã desta quarta, dia 27, ao agronegócio pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante discurso em cima de um trio elétrico para um público de cerca de três mil trabalhadores rurais de várias partes do país, que estavam na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
— Não é correto tratar o agricultor familiar, que tem 50 hectares e trabalha com a família, da mesma forma que aquele que tem 100 mil hectares e às vezes emprega boias-frias e até trabalhadores em situação análoga à escravidão — havia dito Minc, que nesta quarta completa um ano no cargo.
O ministro do Meio Ambiente também chamou os ruralistas de vigaristas.
— Eles encolheram o rabinho de capeta e agora fingem defender a agricultura familiar — acrescentou Minc.
Stephanes disse que não conhece nenhum produtor, no país, que tenha 50 mil hectares de terra ou mais e que na Região Sul, por exemplo, com grande força dentro da bancada ruralista, cerca de 90% das propriedades têm menos de 50 hectares e, portanto, se enquadram entre as pequenas. O ministro também disse que sempre é colocado, em todas as discussões, que a prioridade do governo deve ser os pequenos e médios produtores.
— Esse debate tem que ser racional, com equilíbrio e com fundamentação técnico-científica. E tem que ser feito com conhecimento da realidade — respondeu Stephanes.
Os deputados da Comissão Especial de Monitoramento da Crise Econômica da Câmara, que estavam em audiência pública com Stephanes, demostraram mais indignação e disseram que o ministro do Meio Ambiente já foi convidado a prestar esclarecimentos à comissão.
— Aprovamos a vinda do ministro Minc para que ele venha aqui mostrar o que ele pensa, mas com dados — afirmou o deputado Valdir Collato (PMDB-SC).
— E aí vamos ver quem é vigarista — completou Abelardo Lupion (DEM-PR).
Collato disse ainda que em Santa Catarina 95% das propriedades têm menos de 50 hectares e mais de 80% têm menos de 15 hectares, e que esses são os principais defendidos, por ele e seus colegas, e também os mais afetados pela desatualização do Código Florestal.
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