| 13/05/2009 17h40min
O pior da crise ainda não chegou e pode nem chegar para alguns setores do agronegócio brasileiro. Foi o que afirmou o economista Paulo Rabello de Castro nesta quarta, dia 13, em uma palestra para pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola, em São Paulo.
Segundo o economista, o agronegócio brasileiro está entrando em uma fase em que a produção e a área plantada serão definidas pelos custos. Os próximos anos vão ser de escassez de energia, limitações ambientais, sem esquecer da recessão mundial. Ao contrário do que muitos especialistas têm afirmado, Rabello acredita que a crise econômica não está no fim. Ele vai além: diz que para alguns segmentos da agropecuária brasileira ela ainda nem chegou.
— Com os preços agora reflacionados porque ganhamos mais reais por dólar e, além do mais, levando em conta que o mercado de commodities agrícolas não recuou tanto quanto o mercado de commodities minerais, a agricultura é beneficiada na maior parte dos segmentos. Por isso pode ser que a crise não chegue em alguns setores, que "erre de porta".
Apesar disso, o economista sabe que as dificuldades existem e que as áreas mais afetadas pela crise são as que dependem do mercado interno, como o setor leiteiro. Nesse caso, já que, segundo o economista, a renda do brasileiro vai ficar estagnada nos próximos anos, o setor produtivo e as autoridades precisam estar preparados para enfrentar os reflexos da turbulência.
Para os setores do agronegócio que ainda não sentiram a crise chegar de fato, Paulo Rabello de Castro faz uma previsão um pouco preocupante. Segundo o economista, estes segmentos podem estar com data marcada para sofrerem os impactos da crise: e o ano seria 2010.
— Se os estoques mundiais embalados por esses preços favorecidos subam porque cada agricultor em particular resolveu a partir desse próximo plantio fazer uma fezinha e aumentar sua área plantada, cada um fazendo isto, vai estar tentando se beneficiar, o conjunto aumentando a área, pode produzir um desequilíbrio que favorece os consumidores, mas prejudicará o conjunto dos produtores — afirmou Castro.
No caso do Estado de São Paulo, o secretário de Agricultura, João Sampaio, diz que, como a produção é bastante diversificada, os reflexos têm acontecido de forma diferente em cada setor. Ao contrário do que Paulo Rabello prevê, Sampaio acredita que 2010 será um ano melhor para o produtor paulista.
— Eu acho que tem algumas atividades que sem dúvida a gente está mergulhado numa crise muito grande. A cafeicultura e a citricultura são dois cenários que preocupam muito, a gente tem cenários em que a situação atual é muito ruim, mas a futura pode ser melhor como o das carnes. Esse ano ainda é um ano difícil, mas eu espero que, em 2010, a gente tenha um ano de renda melhor para o produtor — concluiu Sampaio.
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