| 12/05/2009 17h16min
A Organização Mundial da Saúde (OMS) teme as possíveis consequências da expansão do vírus A (H1N1) da gripe no Hemisfério Sul caso se encontre com o vírus da gripe comum ou haja uma combinação com o da gripe aviária em alguma parte do mundo. Estas são algumas das considerações exploradas pela OMS em um documento sobre a avaliação da gravidade de uma pandemia de gripe.
– Os cientistas estão preocupados com as possíveis mudanças que possam acontecer quando o vírus A (H1N1) se estender ao Hemisfério Sul e se encontrar com os vírus humanos que circulam neste momento em que começa a estação da gripe normal – destaca o texto.
Também é motivo de alarme "o fato de que o vírus H5N1 da gripe aviária está firmemente instalado nos frangos em algumas partes do mundo. Ninguém pode prever como reagirá este vírus sob a pressão de uma pandemia", afirma.
Partindo da base de que a gravidade que uma pandemia – medida pelo número de casos de doenças graves e de mortes – depende, principalmente, da virulência do vírus, a OMS destaca que muitos outros fatores influem no impacto que possa ter.
– A gravidade geral de uma pandemia é muito influenciada pela tendência a se estender por todo o planeta em pelo menos duas ondas, mas, às vezes, até em três – afirma o documento.
Desde o começo da atual crise da gripe A, a OMS vem advertindo que os vírus são "imprevisíveis" e podem sofrer mutação para formas mais perigosas, embora, a princípio, pareça que só causa sintomas leves, como é o caso na maioria dos países afetados até agora.
Além dessa capacidade de mutação do vírus, a OMS indica, como exemplo, que se uma primeira onda afetar principalmente estudantes, os idosos podem ser os mais afetados em uma segunda onda, que teria uma mortalidade muito maior pelo fato de os segundos serem mais vulneráveis.
– Durante o século passado, a pandemia de 1918 começou leve e retornou depois de seis meses, de uma forma muito mais letal – lembra a OMS.
A qualidade dos serviços de saúde em cada país influi no impacto de qualquer pandemia, afirma o documento. Mais concretamente sobre a situação atual, a OMS destaca que o A (H1N1) é "um vírus novo que nunca foi visto antes em pessoas ou animais".
Por isso, os cientistas tiram a conclusão de que "a imunidade ao vírus será baixa ou quase inexistente" entre a população mundial.
Outro aspecto é que o vírus da gripe A "parece ser mais contagioso que o da gripe sazonal", e a "taxa de ataque secundário" – porcentagem de pessoas que são infectadas por contato com pessoas doentes – é de entre 22% e 23% no A (H1N1) e só de 5% a 15% na gripe comum.
Apesar de ser conhecida como gripe suína, a doença não apresenta risco de infecção por ingestão de carne de porco e derivados.
AGÊNCIA EFEPerguntas e Respostas sobre a Gripe Suína (A - H1N1) |
Fonte: Organização Mundial da Saúde - OMS |
O que é influenza suína (A - H1N1)? |
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Influenza ou gripe suína é uma doença respiratória aguda altamente contagiosa de suínos, causada por um de vários vírus A da influenza suína. A morbidade tende a ser alta e a mortalidade baixa (1-4%). O vírus se dissemina entre os suínos através de aerossóis, contato direto e indireto e através de suínos portadores assintomáticos. Surtos em suínos ocorrem durante todo o ano, com maior incidência durante o outono e inverno em zonas temperadas. Muitos países vacinam rotineiramente as populações de suínos contra a influenza suína. Os vírus da influenza suína são geralmente do subtipo H1N1, mas outros subtipos também circulam em suínos (como H1N2, H3N1, H3N2). Os suínos também podem ser infectados pelos vírus da influenza aviária e por vírus sazonais da influenza humana, além dos vírus da influenza suína. Acredita-se que o vírus suíno H3N2 foi originalmente introduzido na população de suínos por seres humanos. Algumas vezes, os suínos podem ser simultaneamente infectados por mais de um tipo viral, o que pode permitir a combinação dos genes dos diferentes vírus, produzindo um vírus da influenza que contém genes de uma série de fontes, denominado vírus recombinado (reassortant virus). Embora os vírus da influenza suína sejam normalmente espécie-específicos e sejam apenas capazes de infectar suínos, algumas vezes cruzam a barreira entre espécies e causam doença em seres humanos. |
É seguro ingerir carne e produtos de origem suína? |
Sim. Não se demonstrou a transmissão da influenza suína a seres humanos através da ingestão de carne suína adequadamente manuseada e preparada ou de outros produtos de origem suína. O vírus da influenza suína é inativado por temperaturas de cozimento de 160°F/70°C, correspondentes às orientações gerais de preparo de carne suína e outros tipos de carnes. |
Quais são as implicações para a saúde humana? |
Existem relatos esporádicos de surtos e casos de infecção humana por vírus da influenza suína. Geralmente, os sintomas clínicos são semelhantes à influenza humana sazonal, mas os relatos descrevem desde infecção assintomática a pneumonia grave, resultando em morte. Uma vez que a manifestação clínica típica da infecção por vírus da influenza suína em seres humanos é semelhante à influenza humana sazonal e a outras infecções agudas do trato respiratório superior, a maior parte dos casos foi detectada ao acaso através da vigilância para influenza humana sazonal. Casos leves ou assintomáticos podem ter escapado à detecção; desta forma, não se conhece
a real extensão desta doença em seres humanos. |
Onde ocorreram os casos humanos? |
Desde a implementação da Regulamentação Internacional da Saúde (IHR - 2005), em 2007, a OMS recebeu notificações de casos de influenza suína dos Estados Unidos e da Espanha. |
Como as pessoas se infectam? |
As pessoas geralmente se infectam com influenza suína a partir de suínos infectados. Entretanto, em alguns dos casos humanos não houve comprovação de contato com suínos ou exposição a ambientes contendo suínos. A transmissão humano-a-humano ocorreu em alguns casos, mas foi limitada a pessoas próximas e grupos fechados. |
Que países foram afetados por surtos em suínos? |
Como a influenza suína não é uma doença de notificação compulsória às autoridades internacionais de saúde animal (OIE), não se conhece sua exata distribuição internacional em animais. A doença é considerada endêmica nos Estados Unidos. Surtos em suínos também já ocorreram na América do Norte, América do Sul, Europa (inclusive Reino Unido, Suécia e Itália), África (Quênia) e em regiões do leste da Ásia, como China e Japão. |
E quanto ao risco de pandemia? |
É provável que a maior parte das pessoas, especialmente as que não mantêm contato regular com suínos, não tenha imunidade aos vírus causadores da influenza suína, capaz de evitar a infecção. Caso um vírus suíno estabeleça uma transmissão eficiente humano-a-humano, poderá causar uma pandemia de influenza. O impacto de uma pandemia causada por um vírus suíno é difícil de prever: depende da virulência do vírus, do grau existente de imunidade na população humana, proteção cruzada conferida por anticorpos adquiridos contra a influenza sazonal humana e fatores relacionados ao hospedeiro. |
Existe uma vacina humana que confere proteção contra a influenza suína? |
Não existem vacinas humanas que contenham vírus suíno que está causando doença em seres humanos. Não se sabe se as vacinas contra a influenza sazonal humana são capazes de conferir proteção. Como os vírus da influenza mudam muito rapidamente, é importante desenvolver uma vacina contra as cepas de vírus atualmente circulantes para conferir máxima proteção à população vacinada. Esta é a razão pela qual a OMS deve ter acesso ao maior número possível de vírus para que seja selecionado o vírus candidato mais apropriado para a produção da vacina. |
Quais drogas existem para o tratamento? |
Em alguns países existem drogas
antivirais para a influenza sazonal humana e que são eficazes para a prevenção e tratamento da doença. Existem duas classes destes medicamentos: 1) derivados do adamantane (amantadina e rimantadina) e 2) inibidores da neuraminidase da influenza (oseltamivir e zanamivir). Na maior parte dos casos anteriormente relatados de influenza suína, os pacientes se recuperaram plenamente da doença sem necessidade de tratamento médico e sem medicamentos antivirais. Alguns vírus da influenza desenvolvem resistência aos medicamentos antivirais, limitando a eficácia da quimioprofilaxia e tratamento. Os vírus obtidos de casos humanos recentes por influenza suína nos Estados Unidos se mostraram sensíveis a oseltamivir e zanamivir, mas eram resistentes a amantadina e rimantadina. As informações ainda são insuficientes para justificar recomendações de uso de antivirais para a prevenção e tratamento da infecção por vírus da influenza suína. Os clínicos devem tomar decisões em base de avaliações clínicas e epidemiológicas e considerar potenciais prejuízos e benefícios da profilaxia/tratamento do paciente. Para o atual surto de infecção por vírus da influenza suína nos Estados Unidos e México, as autoridades nacionais e locais estão recomendando o uso de oseltamivir ou zanamivir para tratamento e prevenção da doença em base do perfil de suscetibilidade do vírus. |
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