| 12/05/2009 08h45min
Cada vez mais preocupados, os fabricantes contam aos milhões os sapatos barrados pela Argentina desde junho de 2008. Pelo levantamento fechado no final de abril com as 22 integrantes da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), deixaram de ser embarcados para o país 4.174.572 de pares.
A fila de espera corresponde a mais de um quinto das exportações anuais de 2008. E o Brasil sabe onde aperta o sapato: o país, que representava 71% das importações da Argentina em 2005, caiu para 43% no primeiro quadrimestre deste ano. Em compensação, os países de fora do Mercosul – entre os quais a China – saíram de 25% em 2005 para 54% nos últimos quatro meses.
– A situação é crítica. Está em jogo a exportação de empregos. O governo brasileiro deixou a negociação com as entidades, então o governo argentino está ditando regras. Exige que o distribuidor tenha produção lá para importar – reclama Micheline Grings Twigger, diretora de comércio exterior da Picadilly, uma das marcas brasileiras mais visíveis nas vitrinas portenhas.
Para fábricas de sapatos femininos como a Picadilly, prazo é fundamental. Por isso, prepara um teste para finalizar calçados na Argentina. Vai levar cabedais – partes de cima do sapato – e solados de chinelos e sandálias. Depois de mostrar essa disposição, o distribuidor local conseguiu liberar dois terços das encomendas. No entanto, a terceira parte segue sem perspectiva.
– Seria lamentável reduzir a operação no Brasil e dispensar pessoas, nesta situação, por decisão argentina e indecisão brasileira – diz Micheline.
Por que é importante
> A Argentina é o segundo maior comprador de calçados brasileiros. Essas vendas ajudam a sustentar empregos no Brasil e no Estado, onde se concentram as indústrias de sapatos femininos, mais dependentes da moda e da estação do ano.
> Desde setembro de 2008, a Argentina aumentou restrições para a entrada de produtos brasileiros. O instrumento mais usado é a licença prévia de importação – antes de levar a mercadoria até a fronteira, o exportador precisa obter um documento autorizando a entrada.
> Até meados de 2008, os argentinos cumpriam as regras internacionais, de prazo de 60 dias entre o pedido e a autorização. Com o agravamento da crise global, no segundo semestre do ano passado, esse período começou a se estender para quatro e até seis meses. Ou seja, transformou-se numa barreira à entrada de produtos brasileiros.
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