A Perdigão e a Sadia, duas agroindústrias que trabalham com abate de animais, anunciaram nesta sexta-feira que fecharão turnos da noite em fábricas do Oeste e Meio-Oeste de Santa Catarina. Apesar da decisão, as duas empresas descartaram demissões.

A Perdigão interromperá as atividades do terceiro turno de trabalho na unidade agroindustrial em Capinzal, no Meio-Oeste. A medida começa a valer a partir do dia 18 deste mês. Em comunicado, a empresa informou que o fechamento do turno otimizará a linha de produção e suprirá a defasagem de 400 funcionários.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação, demissões em massa estão descartadas.

A companhia não comentou a medida, apenas informou sobre o fechamento por comunicados oficiais. Segundo a assessoria de imprensa, a Perdigão está no chamado período de silêncio, intervalo estabelecido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que antecede a divulgação de resultados do primeiro trimestre, no qual não poderia divulgar informações, além de comunicados oficiais. No documento, a empresa afirma que parte dos funcionários remanescentes do turno da noite será remanejada para os turnos matutino e vespertino, que continuarão funcionando normalmente.

Uma parcela dos trabalhadores será transferida para outras unidades. A nota assegura que o remanejamento suprirá a falta de 400 trabalhadores. Não haverá a reposição de funcionários que se desligarem espontaneamente da unidade.

O presidente do Sindicato, Ludovino Soccol, acredita que demissões não devem ser efetuadas em função da eliminação de um dos turnos. Elas podem ocorrer pela alta rotatividade na unidade. Cerca de 100 funcionários saem da empresa por mês, o que gerou uma pendência de 400 vagas abertas. Sobre o remanejamento, Soccol revelou que os trabalhadores próximos a Joaçaba e Videira serão realocados nas unidades de Herval D'Oeste e Videira ao passo que os funcionários gaúchos, que usam o transporte para trabalhar em Capinzal, serão convidados a morar nesta cidade e ter o aluguel custeado pela empresa por quatro meses.

— O ajuste de produção não implica em demissões. Fizemos acertos com a empresa e eles nos garantiram que os funcionários não serão demitidos pelo fechamento de um dos turnos. De maio a agosto, a reposição de funcionários deixará de ser feita — disse.

Conselho Administrativo da cooperativa e lideranças de Joaçaba pretendem chegar a uma solução sobre o fechamento do frigorífico da Aurora, em assembleia no dia 21 em Chapecó. Até agora, várias negociações foram iniciadas, mas nenhuma se concretizou. Há três alternativas: venda da unidade, arrendamento ou reabertura. Se não houver acerto, a Câmara de Vereadores pretende resolver a questão judicialmente.

No início de abril, a unidade de abate e produção de carcaças encerrou as atividades. A empresa alegou problemas com a falta de água e tratamento de efluentes. Quase 200 funcionários ingressaram na Justiça para reaver seus direitos.

Sadia fecha turno da noite em Chapecó

A Sadia também fechou neste mês o terceiro turno, na unidade de Chapecó. A unidade, que tem cerca de seis mil funcionários e abate aproximadamente 300 mil frangos e perus por dia, fez alguns remanejamentos de funcionários, mas não haverá demissões.

De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, o fechamento de um turno não foi provocado pela estiagem na região e sim pela conjuntura mundial, que reduziu as exportações de carne desde outubro do ano passado.

A empresa não confirma, mas estima-se em 30% a redução no abate. O fechamento de um dos turnos de trabalho atenderia também a uma sugestão da União Brasileira de Avicultura, para adequar a produção à demanda.

A falta de água seria apenas mais uma dificuldade. A empresa contratou 35 caminhões-pipa, que estão puxando água do Rio Uruguai. Em troca, a Sadia utiliza água do rio Tigre, que a Casan tem dificuldade de tratar devido à presença de algas.