O impacto da estiagem ainda está na lavoura, mas chegará ao bolso do consumidor nas próximas semanas. Por enquanto, atinge produtos in natura como batata e aipim, já que a seca dificulta a retirada da terra. Já o impacto na formação das frutas, legumes e verduras demora alguns dias para chegar nas gôndolas dos supermercados.

Na última semana, ainda não houve alterações significativas de preços na Ceasa, local onde produtores vendem para o atacado e varejo, movimentando um terço do que é comercializado no Estado. O gerente-técnico, Amauri Moraes Pereira, conta que já recebeu alertas de produtores.

— Nós acreditamos, isso pela palavra dos próprios produtores, que de duas a três semanas, se não chover, nós vamos ter alguns problemas evidentes quanto a essas culturas.

O preço do leite já aumentou, tanto do longa vida quanto o de saquinho, devido à entressafra que acontece nesta época. Mas a elevação deve continuar com a seca atingindo as pastagens e o litro do longa vida por chegar a R$ 2, segundo a Associação Gaúcha de Supermercados, e em seguida atingir os derivados, como queijos e iogurtes.

Responsável pela pesquisa de preços da cesta básica de Porto Alegre, a economista Daniela Sandi acredita que alguns preços já tiveram elevação. Segundo ela, a estiagem pode interromper a sequência de queda do conjunto de mercadorias.

— A batata já teve uma forte elevação nesse mês, o leite também vem subindo em função da estiagem. E o arroz, que nós somos o grande produtor no Brasil, também pode sofrer fortes oscilações no próximo mês.

Divulgada nesta quarta-feira, a cesta básica de Porto Alegre caiu em abril pelo quarto mês consecutivo, fechando em R$ 239. No acumulado do ano, a redução é de quase 8%. Seis dos 13 produtos pesquisados tiveram queda, com destaque para o tomate, o feijão e o óleo.

Um dos motivos da reduções consecutivas é a menor demanda internacional por alimentos, provocando maior oferta dos produtos no mercado interno e consequente queda de preços.