| 30/04/2009 08h34min
Lotes de terras destinados à reforma agrária estão sendo comercializados na região da Campanha, no Rio Grande do Sul, apesar de a prática ser proibida por lei federal. A compra de uma área em um assentamento na cidade de Hulha Negra pode chegar a R$ 30 mil.
Reportagem da RBS TV gravou as negociações irregulares com os assentados ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A prática não é novidade para as autoridades. Segundo levantamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do governo do Estado, 238 casos já foram descobertos nos quase 300 assentamentos existentes no Rio Grande do Sul.
Sem saber que estava sendo gravado, um agricultor, que se diz missionário e mora na cidade, tenta vender o lote que conquistou do governo. Ele pertence ao assentamento Santo Antônio e diz que está indo embora para os Estados Unidos.
– Eu quero 15 (mil reais) nesse meu lote, com casa e tudo – negocia o
assentado.
Em outro assentamento, o Meia
Água, também em Hulha Negra, outro agricultor, que pretende ir para Sapiranga trabalhar numa fábrica de calçados, também oferece o seu lote. Ele pede R$ 30 mil pela área – de cerca de 18 hectares –, além da casa e da criação de animais.
O aluguel da terra também é comum na região. Um agricultor diz que chega a arrendar 12 lotes.
– Não existe papel. É confiança, é um mercado escuro. Assim que funciona – afirma o assentado.
A reportagem também revelou detalhes da investigação realizada pelo Ministério Público Federal em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana. O MPF aponta agora que agricultores catarinenses teriam pago o equivalente a R$ 540 mil a assentados da região em troca do uso do solo para plantar arroz. Nessa mesma ação, o superintendente do Incra no Estado, Mozar Artur Dietrich, foi denunciado por supostamente incentivar esquema de extorsão que favorecia o MST.
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