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 | 23/04/2009 19h16min

Brasileiros negociam cotas de exportação para carne

Representantes dos setores de bovinos, suínos e aves estiveram na Rússia

Atualizada às 20h09min Núria Saldanha | São Paulo (SP)

O Brasil promete apoiar a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio, desde que o país abra mais espaço para as carnes brasileiras. Representantes dos setores de bovinos, suínos e aves estiveram no país do leste europeu esta semana para negociar cotas de exportações e tarifas sobre as carnes do Brasil.

Apesar de ser o maior fornecedor de carne bovina para Rússia, com 60% do mercado, o Brasil tem uma cota de exportações bastante reduzida para o país. Todos os anos, a indústria brasileira de carne precisa contar com a realocação de cotas.

Isso só é possível porque os Estados Unidos e a União Européia não conseguem enviar o volume pré-estabelecido para a Rússia. Mas os exportadores brasileiros de carne bovina não querem mais depender da sorte. 

— A gente entende que isso é uma discriminação à nossa carne. Para 2010 queremos que estas cotas geográficas deixem de existir — disse o diretor executivo da Abiec, Otávio Cançado.

Os exportadores de frango que no ano passado enviaram 158 mil toneladas de carne para a Rússia, este não devem exportar mais do que 60 mil toneladas com as atuais restrições ao mercado brasileiro. Além da redução gradativa das cotas para carne de frango do Brasil, os russos cederam à pressão dos Estados Unidos e elevaram as tarifas extra-cota de 60% para 95%. Mesmo com preço mais baixo, o frango brasileiro vem perdendo espaço.

Para o presidente da Abef, Francisco Turra, como os EUA não entram na União Européia, a Rússia é o seu grande mercado.

— Assim, eles procuram afastar o Brasil, especialmente em carne de frango. A pressão é barganhando a entrada da Rússia na OMC para reduzir as importações de carne de frango do Brasil — afirmou o presidente da Abef, Francisco Turra.

A negociação também é utilizada pelo Brasil. Uma missão que esteve em Moscou esta semana deixou claro que o país só vai apoiar o acesso da Rússia à Organização Mundial do Comércio se ganhar mais espaço no mercado de carnes. Os russos parecem ter entendido o recado.

— Acho que depois dessa missão, alguma melhora acontece. Nós vendemos para a Arábia Saudita 450 mil toneladas; para Hong Kong, 400 mil; e para a Venezuela, 300 mil. Não é o mercado mais importante, mas não podemos dispensar um mercado que importa 1,3 milhão de toneladas — declarou Turra.

A tendência é de continuar exportando altos volumes para a Rússia, mas não devemos tirar o pé do chão. As compras de carne em geral devem cair 10%; as de carne bovina, 8% — completou Cançado.

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