| 13/04/2009 15h08min
A isenção da Tarifa Externa Comum (TEC), praticada na área do Mercosul para a importação de trigo de países como Canadá ou Estados Unidos, que poderá valer a partir do segundo semestre, será a solução para a garantia do abastecimento interno e a manutenção do preço do produto no país.
O Brasil enfrenta dificuldades para comprar trigo da Argentina – um dos maiores produtores mundiais do cereal – por problemas com a estiagem e com o aumento da cotação do dólar.
Ao comentar o assunto, em entrevista à Rádio Nacional, o conselheiro da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), Lawrence Pih, afirmou que é mais vantagem importar o produto do que produzir, uma vez que o subsídio dado ao agricultor nacional fica muito caro. Ele lembra que, enquanto o custo da produção de uma tonelada pela Argentina fica em US$ 100, no Brasil passa de US$ 200.
A Comissão de Monitoramento do Comércio Bilateral com a Argentina realizou reunião na semana passada, em São Paulo, quando o governo argentino manifestou preocupação com a redução de 39% no comércio entre os dois países no primeiro trimestre deste ano em relação a 2008.
Durante a reunião, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o país vizinho prometeu ao secretário executivo da pasta, Ivan Ramalho, que, após realizar levantamento sobre a produção de trigo deste ano, informará o Brasil sobre potencial dos estoques que estará disponível para venda.
Segundo o Ministério, o assunto deverá voltar a ser discutido na próxima reunião bilateral sobre comércio, prevista para o dia 30 deste mês, em Buenos Aires.
— O Brasil precisa saber a quantidade de trigo que a Argentina poderá vender para planejar a alternativa de comprar de outros países — disse Ramalho.
Na ocasião, o secretário executivo do MDIC afirmou que poderá ser reduzido o imposto de importação do produto para países de fora do Mercosul.
No ano passado, a Câmara de Comércio Exterior do MDIC (Camex) reduziu a zero a tarifa de importação do trigo durante o primeiro semestre, em razão de problemas com a compra da Argentina.
O desembarque de estoques de trigo vindos da Argentina leva de três a quatro dias, enquanto de países mais distantes pode chegar até 45 dias.
— A instabilidade do mercado argentino exige atenção permanente do Brasil sobre as necessidades do abastecimento interno — disse Pih.
Ele completou que o Brasil poderá também vir a adquirir trigo da Rússia, depois que forem definidos critérios fitossanitários sobre a qualidade do produto naquele país.
Lawrence Pih lembra que o Brasil pode produzir até seis milhões de toneladas de trigo, com subsídio, para uma demanda de nove milhões de toneladas anuais. O país poderia até se tornar auto-suficiente, mas com um custo que seria inviável para o governo.
— O clima argentino torna o país um produtor em potencial e a custo mais baixo. O Brasil não tem a mesma vocação agrícola, mas pode também comprar estoques do Uruguai e do Paraguai, embora em quantidades muito aquém do que precisa — argumentou o conselheiro da Abitrigo.
Ele finalizou dizendo que os estoques brasileiros no momento são suficientes para o abastecimento interno nos próximos meses. Por isso, a situação ainda não é preocupante, uma vez que há disponibilidade de trigo de boa qualidade no mercado mundial.
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