| 07/04/2009 15h50min
A indústria de motos já espera a prorrogação, até o fim do ano, da medida anunciada pelo governo federal na semana passada que zerou a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) que incide sobre as motocicletas de 1º de abril até 30 de junho.
As projeções da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) são as mesmas divulgadas em dezembro, que seriam revisadas para baixo em razão da queda de vendas no primeiro trimestre, mas que foram mantidas com a isenção da Cofins. A Abraciclo prevê uma queda de 12% na quantidade de motos emplacadas neste ano, para 1,850 milhão de unidades, ante 2,1 milhões em 2008.
Depois de dois meses fracos em termos de emplacamento — em janeiro, foram 124.091 unidades e em fevereiro, 106.490 —, a indústria teve em março um resultado bem melhor com 139.230 motos emplacadas. Os números representam um recuo de 15% em relação à quantidade emplacada no
primeiro trimestre de 2008, com
o total de emplacados de 369.811.
Para os próximos nove meses, a Abraciclo prevê o emplacamento de 1.480.185 unidades, o que resulta numa média mensal de 164 mil unidades, que é a mesma verificada nos nove primeiros meses de 2008, período anterior à crise.
— Estou confiante na prorrogação da medida que zerou a Cofins para motos até o fim do ano. A Abraciclo não trabalha com outra hipótese — disse o diretor executivo da entidade, Moacyr Alberto Paes.
Segundo ele, a Associação trabalha com um cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro próximo a zero.
Classe C
Na avaliação da entidade, a classe C, que representa cerca 80 milhões de consumidores, será pouco afetada pelos efeitos da crise financeira internacional no país. Esse é o principal público-alvo do mercado de motocicletas, atraído por um produto de baixo valor de aquisição, menor custo de manutenção e
economia no consumo de combustível.
Uma moto entre 125 e 150
cilindradas custa de R$ 5,5 mil a R$ 7 mil, e com o repasse integral ao consumidor da Cofins zerada, há uma redução entre R$ 165 e R$ 210 no preço ao consumidor. Somados a esses fatores, a indústria de motos já dá como certa também a injeção de crédito pelo governo federal para as pequenas e médias instituições que financiam motos no país.
O pedido já foi feito ao governo federal, e, na semana passada, os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e da Fazenda, Guido Mantega, reconheceram a dificuldade de financiamentos para o setor, que não conta com bancos próprios, como as montadoras.
— Acreditamos que isso deve vir e a previsão para 2009 já conta com isso — disse Paes, referindo-se à prorrogação da Cofins e à injeção de crédito nas financeiras.
Primeiro trimestre
A quantidade de motos emplacadas no primeiro trimestre recuou 15%, para 369.811 unidades, na comparação
com os três primeiros meses de 2008. Os estoques de 40 dias
da indústria de motocicletas chegam a 140 mil unidades.
Até setembro, a indústria trabalhava com estoques de 36.230 unidades. Em dezembro, os estoques nas fábricas e na rede de concessionárias chegaram a 153.483. Com a redução nos emplacamentos e o elevado nível de estoques, a produção no primeiro trimestre recuou 47,8% para 282.188 unidades. Já as exportações diminuíram 18,2% para 20.433 unidades.
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