| 07/04/2009 12h07min
A economia mundial poderia começar a mostrar sinais de recuperação no primeiro semestre de 2010, caso se concretizem os compromissos assumidos pelo Grupo dos Vinte (G-20, os países ricos e os principais emergentes) em sua recente cúpula, disse hoje um alto representante do sistema das Nações Unidas.
A região com maior probabilidade de apresentar mais rápido uma melhora é a Ásia, segundo o diretor-geral da Conferência para o Comércio e o Desenvolvimento da ONU (Unctad), Supachai Panitchpakdi.
— Há boas possibilidades de que a economia mundial levante a cabeça em 2010 — disse, mas minimizou a impressão de otimismo dessa frase indicando que "a recuperação não está depois da esquina".
Ressaltou que, para isso, será importante reforçar a confiança surgida após a reunião do G20 na semana passada, em Londres, e manter o impulso às medidas de estímulo econômico em nível global.
— A confiança aumentou, mas é preciso mantê-la — disse.
Supachai acrescentou que "o importante
agora é executar o prometido e não deixar como outro grupo de promessas descumpridas", pois, por enquanto, tudo é compromisso e será preciso esperar alguns meses para que o dinheiro oferecido seja injetado no sistema internacional.
No entanto, o secretário-geral da Unctad disse que é possível que ainda não tenha passado o pior da crise, e concordou com os especialistas que advertiram que ninguém sabe com certeza qual é o valor total dos "ativos podres" ainda presentes no sistema financeiro.
Supachai mencionou que se estima que a dívida das famílias nos Estados Unidos equivale de 130% a 150% de sua renda, o que representa uma situação "mais difícil que a dos bancos" e que deverá ser abordada em algum momento. Como ponto de comparação, mencionou que a proporção de dívida das famílias em relação a sua renda na Ásia é de 60%, e pouco menos na Europa.
— Agora, os EUA devem começar a economizar — declarou o funcionário da ONU.
Supachai, que foi diretor-geral da Organização Mundial
do Comércio (OMC), analisou também as medidas protecionistas adotadas por alguns países para enfrentar a crise e considerou que não chegaram a um nível grave que possa comprometer o sistema de livre-comércio.
Disse que é normal que os países reajam e tomem medidas que acham que ajudarão suas economias, após ressaltar que algumas das barreiras ao comércio colocadas até agora são legais, pois são consideradas nas normas da OMC.
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