| 02/04/2009 05h28min
Diferentes opiniões sobre a melhor maneira de combater a crise ameaçam o encontro dos líderes do G-20 que ocorre nesta quinta-feira em Londres, na Inglaterra. Segundo informações do site G1, especialistas apontam que enquanto os países europeus defendem menos pacotes econômicos e mais regulação sobre as regras do sistema financeiro, os EUA preferem o caminho exatamente oposto: mais pacotes e menos regras.
O temor é que essa divisão possa levar o encontro a um impasse — a ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, ameaçou que o país pode não assinar a declaração final da cúpula caso não sejam incluídos acordos sobre mecanismos regulatórios mais rigorosos, posição reconfirmada pelo presidente Nicolas Sarkozy nesta quarta-feira, em reunião com o presidente Lula, em Paris.
Mais divergências
As diferenças de opinião entre a Europa e os EUA não se limitam à forma de combater a crise. Também existem divergências entre
os blocos sobre como socorrer os bancos em
dificuldades, que possuem mais dívidas do que ativos.
O próprio diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, já afirmou que a remoção dos ativos "podres" deveria ser a principal prioridade do encontro. O fracasso em consertar o sistema financeiro vai desperdiçar uma vasta quantidade de dinheiro, que vão "derreter como neve no sol", disse Strauss-Kahn.
A reforma do FMI, aliás, é um ponto de discordância entre EUA e Europa. Os países mais ricos do mundo estariam "considerando fortemente" uma injeção de US$ 500 bilhões no Fundo. John Lipsky, vice-diretor de gerenciamento do FMI, afirmou que essa proposta poderá ser feita pelo secretário americano do Tesouro, Timothy Geithner.
Desta forma, os recursos totais disponíveis chegariam a US$ 750 bilhões, o triplo do valor atual. Governos europeus, porém, defendem um reforço menor, que elevaria o caixa do FMI para US$ 500 bilhões.
Interesses
brasileiros
Segundo analistas, o tema que
interessa mais diretamente ao Brasil no encontro é a reforma de instituições como o FMI e o Banco Mundial. No entanto, há especialistas com uma visão diferente, pois a reestruturação também é controversa entre os que atualmente comandam as instituições. Afinal, dar mais poder aos emergentes, como Brasil e China, significa tirar influência de países europeus e dos EUA.
Ontem, Lula disse que espera que os líderes do G-20 tenham "maturidade":
— Temos uma convicção de que temos que encontrar uma solução. A única coisa que eu espero é que os presidentes tenham maturidade suficiente para compreender que cada dia que passar sem uma solução para a crise mais gente vai sofrer. Precisamos ter coragem de fazer o que precisamos fazer.
Protecionismo e Rodada de Doha
Outros itens que deverão ser debatidos no encontro de Londres incluem o protecionismo comercial, ou seja, as medidas adotadas pelos países para
dificultar a entrada de produtos estrangeiros em seu mercado.
O Brasil também deverá defender uma eventual retomada da Rodada de Doha, as discussões que visam eliminar barreiras ao comércio internacional.
Final otimista
Mesmo com todas essas barreiras, existe a possibilidade que a reunião se encerre com um tom otimista — pelo menos no papel. O jornal britânico Financial Times obteve o rascunho do documento final da reunião, onde se prevê que a economia mundial volte a crescer no final de 2010.
No rascunho, os dirigentes do grupo dizem acreditar que as medidas nacionais já adotadas podem aumentar a produção mundial em dois pontos percentuais e criar mais de 20 milhões de empregos.
Com a declaração de que "uma crise global requer uma solução global", os líderes do G-20 prometem: "Nós estamos determinados a restaurar agora o crescimento, resistir ao protecionismo e reformar nossos mercados e instituições para o futuro."
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