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 | 01/04/2009 19h20min

Melhoramento genético leva a aumento de produção de aveia

Produção atingiu o recorde de 516 mil toneladas há dois anos

Atualizada às 20h46min Cristiano Dalcin | Porto Alegre (RS)

Nos últimos 30 anos, 22 variedades de aveia foram lançadas comercialmente no Brasil. O trabalho dos cientistas responsáveis pelo melhoramento genético levou a um aumento da produção e da qualidade do cereal. Pesquisadores de todo o país estão reunidos até esta quinta, dia 02, em Porto Alegre, para apresentar os resultados do último ano e projetar os trabalhos a partir de agora.

Na década de 70, os campos de aveia ocupavam pouco mais de 20 mil hectares no sul do país. Atualmente, são quase 300 mil hectares. Há dois anos, a produção atingiu o recorde de 516 mil toneladas.

O engenheiro agrônomo Elmar Luiz Floss contou que na década de 80, eram criados cultivares com potencial entre 2 e 2500 quilos.

— Aqui nesta reunião, na vigésima nona reunião da Comissão, nós estamos vendo em alguns locais rendimentos médios de todos os cultivares acima de cinco mil quilos por hectare. Além do aumento potencial de rendimento, melhorou muito a qualidade do grão. Até 1982, as indústrias brasileiras diziam que não compravam a aveia brasileira porque a qualidade industrial era muito baixa. A partir de 82 até agora, nós tivemos várias cultivares que aliavam este alto potencial de rendimento, mas com uma qualidade industrial grande — disse Floss.

Duzentos pesquisadores participam do encontro anual da comissão de pesquisa de aveia, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O pesquisador da Iapar Carlos Riede veio do Paraná para contar a experiência de um ano e meio vivendo no Iraque. Ele foi consultor da FAO, a agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

— Nós estivemos lá trabalhando com variedades, com introdução dos materiais dos centros internacionais, trabalhando com agricultura conservacionista, uso de máquinas, introduzindo o plantio direto que lá não era uma técnica muito utilizada. O pessoal tinha até um certo receio de entrar em novas tecnologias — disse Riede.

Um estudo sobre as variações climáticas foi destaque entre os trabalhos apresentados na reunião. Os pesquisadores analisaram a temperatura nos últimos 40 anos para saber como o cultivo de aveia pode se comportar diante do aquecimento global.

O trabalho mostrou que a temperatura média não mudou neste período, mas os extremos de calor e de frio foram bem maiores. A boa notícia é que as lavouras de aveia, até agora, não sofreram com as oscilações do clima.

— O programa de aveia do Brasil conseguiu adaptar o material para essa variação. Então, o nosso material tem uma adaptação muito boa. Ele vai bem nas diferentes regiões do Brasil — afirmou o pesquisador da Ufrgs Luiz Carlos Federizzi.

O desafio, agora, é popularizar a aveia no país. Enquanto na Dinamarca, o consumo per capita é de quatro quilos por ano, no Brasil, não passa de 280 gramas.

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