| 24/03/2009 12h46min
As companhias Sadia e Perdigão estão sustentando discursos diferentes com relação ao uma possível fusão. Nesta segunda, dia 23, na inauguração da fábrica da Sadia em Vitória do Santo Antão (PE), o presidente do conselho de administração da companhia, Luiz Fernando Furlan, teria dito que "o que emperra (as negociações com a Perdigão) é a relação de troca de ações". A família Fontana, detentora da maior parte das ações da Sadia, estaria pedindo um valor acima do que os acionistas da Perdigão estão dispostos a pagar.
Já o presidente da Perdigão, José Antônio Fay, reiterou que não há negociações com a Sadia para uma possível fusão. Na noite de segunda, em entrevista coletiva para comentar os resultados do quarto trimestre e de 2008, o executivo admitiu que conversas foram realizadas, mas que não há nada fechado.
Analistas de mercado corroboram a versão da Sadia: o negócio só não teria sido fechado ainda porque Sadia e Perdigão discutem dois valores para a transação: um com as famílias Furlan e Fontana no processo de tomada de decisões, e o outro sem a participação delas.
Para que as famílias aceitem o negócio e saiam do processo de tomada de decisão da empresa, o preço pedido seria de R$ 6 por ação. Por R$ 4 por ação, a Sadia seria vendida à Perdigão, mas as famílias controladoras ainda integrariam a administração do grupo.
Pelo acordo que está sendo desenhado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai liberar os recursos para que a Perdigão faça a compra da Sadia. Tanto para a Perdigão quanto para o BNDES, a saída das famílias do controle da Sadia é uma condição para que o negócio seja fechado. A experiência do passado mostrou que os dois grupos na administração de um negócio em conjunto não surtiram os resultados esperados. A liberação seria um aporte do banco na Perdigão que, por sua vez, faria a compra da Sadia por meio de troca de ações.
Por esse motivo, o montante que o BNDES liberaria foi um dos assuntos discutidos nessa segunda, dia 23, entre o presidente do conselho de administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a inauguração de uma fábrica da Sadia em Vitória de Santo Antão, a 50 quilômetros de Recife (PE). A assessoria de imprensa da Sadia, no entanto, negou que Lula e Furlan tenham se reunido a portas fechadas.
Sadia tenta saldar dívidas, e Perdigão comemora balanço
Após a inauguração, Furlan falou sobre as negociações com a Perdigão, mas apenas reafirmou ter iniciado “entendimentos recentes com vistas a analisar a viabilidade e a convergência de interesses em algum tipo de associação”. Furlan ainda confirmou que a direção da empresa estuda vender ativos não operacionais para levantar recursos entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões para ajudar a saldar dívidas.
Na divulgação do balanço de 2008, nessa segunda, o presidente da Perdigão, José Antonio Fay, afirmou que a empresa não está, neste momento, negociando qualquer tipo de associação com a Sadia. Apesar do prejuízo registrado de R$ 20 milhões no último trimestre de 2008, em comparação com o lucro de R$ 98 milhões no mesmo período em 2007, a empresa registrou um recorde de R$ 465 milhões no Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), valor 93% superior a 2007. No ano, a receita bruta cresceu 69% – para R$ 13,1 bilhões.
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