| 20/03/2009 07h57min
Cerca de 10% das exportações argentinas ao Brasil devem evaporar até meados da próxima década. Castigado pelas incertezas das safras e dos embarques do país vizinho, o governo decidiu impulsionar a produção de trigo irrigado no Cerrado brasileiro, com a autossuficiência como meta.
Na semana que vem, o Ministério da Agricultura vai anunciar um pacote de estímulo ao plantio, que prevê o aumento entre 10% e 15% no preço mínimo dos cultivos de trigo da região. Dentro de quatro anos, o governo espera que a colheita de trigo no país alcance 7 milhões de toneladas – volume equivalente a 70% do atual consumo nacional.
– O trigo sempre foi usado pelo Brasil como moeda de troca para vender seus produtos para a Argentina, principalmente os da linha branca – resumiu Julio Cesar Albrecht, pesquisador da Embrapa Cerrados, ao destacar um tópico do equilíbrio delicado do comércio bilateral.
A Embrapa Cerrados trabalha no melhoramento genético de sementes de trigo, para adaptá-los à região, desde os anos 1970. Para a safra de 2006, duas novas sementes mostraram-se igualmente produtivas. Em 2008, uma delas permitiu colheita de 7,6 toneladas por hectare, e a outra, de 6,5 toneladas por hectare.
Colheita na entressafra garante preço melhor
Na última safra, as lavouras da região se estenderam por 55 mil hectares, com uma produção de cerca de 500 mil toneladas. Além da alta produtividade, a produção no Cerrado conta com a vantagem de ser colhida na entressafra, em agosto, o que permite a venda por melhores preços.
A gritaria da Argentina, que perderá um negócio que rendeu US$ 1,264 bilhão em 2008, já é um custo calculado dessa estratégia. O Itamaraty está ciente de que, na medida em que a produção nacional aumente, terá de conter a reação do país vizinho – provavelmente, com compensações comerciais – para evitar prejuízos na consolidação do Mercosul.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.