| 16/03/2009 15h24min
A cadeia produtiva do café fez um protesto inédito em Varginha, no sul de Minas Gerais, na manhã desta segunda, dia 16, com a participação de 160 ônibus e mais de 20 mil manifestantes.
O objetivo foi mobilizar o meio rural e o urbano a fim de protestar a queda na arrecadação dos municípios e o desemprego que vem assustando as regiões produtoras. O local representa 25% da produção de café do país.
A proposta do setor tem duas prioridades: quitar as dívidas, transformando em sacas de café com prazo de 20 anos, e garantir renda através de leiloes da Conab para formar um estoque regulador com preço mínimo de R$ 320 pela saca de 60 kg. Tratam-se de saídas para a crise oficializadas na Carta de Varginha. A dívida está calculada em R$ 4,2 bilhões.
O pedido de socorro do campo mudou a rotina na cidade. O centro de Varginha aos poucos se transformou em palco de protesto. Tratores tomaram conta do estacionamento e, em menos de uma hora, milhares de manifestantes – entre representantes da cadeia produtiva do café e produtores de 500 municípios de pelo menos quatro Estados que se destacam na produção cafeeira – se reuniram em uma praça da cidade.
O presidente da Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana, Milton Cerqueira Pucci, acredita que a solução para os cafeicultores é não depender de ninguém.
— Precisamos de dinheiro para quitar nossas dívidas. O melhor seria não precisar do governo — apontou Pucci.
— Nós estamos atravessando uma crise nas nossas propriedades e tivemos que demitir funcionários. Queremos um preço justo — completou a cafeicultora Solange Ximenes Abreu, de Três Pontas.
Quando a conta da organização apontou a presença de mais de 20 mil pessoas, a marcha pelo café teve inicio. Em silêncio, muitas pessoas colaram um adesivo nos lábios com a frase “Eu quero o direito de pedir ajuda. Por você”.
A caminhada avançou pelas ruas do centro até o encontro da multidão na concha acústica. Os manifestantes carregaram faixas e cartazes.
O presidente da Confederação Nacional do Café. Gilson Ximenes diz que é a sociedade brasileira que está em jogo.
— Vamos levar a Carta de Varginha para a Presidência da República e para o Ministério da Agricultura. O objetivo é resolver o problema — diz.
Já o presidente da Comissão Nacional do Café, Bruno Pereira de Mesquita, deseja que aquilo que está sintetizado na carta para as demandas do setor não fique apenas em Varginha.
— A crise é generalizada. É para todo mundo: pequeno, médio e grande — afirma Mesquita.
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Em silêncio, manifestantes colaram um adesivo nos lábios com a frase “Eu quero o direito de pedir ajuda. Por você”
Foto:
Marcelo Lara
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