| 19/02/2009 20h33min
Nesta semana o Canal Rural apresenta uma série especial sobre os custos de produção e alternativas para reduzir gastos na pecuária de corte. Nesta quinta, dia 19, a ultima reportagem fala sobre o mercado futuro. Confira como funciona, e como o pecuarista pode, através desse mecanismo, garantir uma boa rentabilidade.
Um seguro de preço. Essa é a melhor maneira para definir o mercado futuro. Saber o quanto vai receber pela arroba do boi assim que ele estiver pronto para a venda vem se tornando quase uma obrigação na pecuária. Só assim é possível prever os ganhos com a atividade e planejar os investimentos.
– Ele já faz seguro da plantação, seguro do carro, seguro de vida e não faz seguro de preç,o que é o mais importante na conta dele – avalia o economista Raimundo Magliano Neto.
Como é um mecanismo de negociação de preço, não existe entrega física de boi gordo. A negociação fica apenas no papel. Quem compra contratos futuros da commoditie não recebe o animal e nem mesmo a carne dele. O que está em jogo é o valor do produto e, por este motivo, para se ter um bom resultado é necessário calcular o custo de produção, saber o quanto se gasta para produzir uma arroba de boi, e em cima desse valor acrescentar a margem de lucro desejada.
Na primeira reportagem desta série você viu que o custo de produção do produtor Roberto Stralioto, de Sidrolândia, em Mato Grosso do Sul, é de R$ 78 reais por arroba. Caso Stralioto deseje ganhar R$ 10 de lucro em cada arroba, ele deve travar o preço no mercado futuro a R$ 88. Se lá no mês escolhido, quando vencerem os contratos do pecuarista no mercado futuro, os preços praticados no mercado físico brasileiro estiverem abaixo daquele que o produtor negociou na Bm&F/Bovespa, a bolsa paga a diferença pra ele. Mas se os valores pagos pelo frigorífico estiverem acima daqueles que Roberto Stralioto vendeu na bolsa, ele é quem vai ter que pagar a diferença que ganhou vendendo o boi para o frigorífico.
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Então ele pega o produto
dele e ao invés de entregar na bolsa. Entrega no frigorífico e recebe a diferença da bolsa. Ou então, caso o mercado tenha ido acima do que ele vendeu ele vai ter depositado, mas também vendeu o boi a preço mais alto naquele momento – explica o corretor de seguros Élio Micheloni.
Diferente de outras commodities agrícolas, os futuros do boi gordo não têm referência de preços internacionais. O mercado futuro do boi acaba sendo doméstico porque o animal não é padronizado e por isso não atinge caráter global.
Os futuros de boi gordo negociados no Brasil são padronizados. Cada contrato equivale a 330 arrobas líquidas. O animal deve ser macho, castrado, bem acabado, apresentar de 450 a 550 quilos, e no máximo ter 42 meses. A formação de preços é observada em quatro regiões de São Paulo, nas praças São José do Rio Preto-Barretos, Araçatuba-Presidente Prudente e Bauru-Marília.
Para os pecuaristas que criam gado em outros Estados, a sugestão é incluir no cálculo do preço os riscos - como os sanitário e os custos adicionais da região, como o frete - , evitando assim a possibilidade de perder dinheiro na liquidação do contrato futuro.
No ano passado, o boi gordo foi o principal produto do campo negociado na BMF&Bovespa: 1,7 milhão de contratos movimentaram R$ 46 bilhões no mercado futuro brasileiro. As transações somaram mais de 34 milhões de cabeças de gado, o que equivale a 80% do total do abate no país. O desempenho é atribuído ao ciclo de alta da pecuária, que atraiu fundos de investimento e investidores que não tem negócios no campo. A arroba do boi gordo chegou a passar dos R$ 100 em 2008.
– Para operar precisa ser através de corretora. Qualquer pecuarista que tenha um caminhão de bois pode fazer seguro de preços, ou seja, é para qualquer um – afirma o economista Raimundo Magliano Neto.
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