| 05/02/2009 17h30min
A embaixada da Itália no Brasil informou nesta quinta, dia 5, que a decisão de adiar a visita da vice-ministra da Saúde italiana, Francesca Martini, a Santa Catarina foi técnica. Segundo uma fonte ligada ao embaixador Michele Valensise o caso não tem relação com a crise diplomática instalada nas relações com o Brasil por conta do asilo político concedido ao italiano Cesare Battisti. Ele é acusado de quatro assassinatos no seu país.
A missão liderada por Francesca Martini e pelo chefe do Departamento de Saúde Pública da Itália, Romano Marabelli, iria ao Estado no próximo domingo, dia 8, e a Brasília, no dia 9, para negociar contratos de exportação de carne com o governo catarinense e com o ministro da Agricultura.
Reinhold Stephanes declarou desconhecer o cancelamento da missão italiana. Nesta quinta a Secretaria de Agricultura de Santa Catarina divulgou que o motivo do cancelamento seriam os problemas diplomáticos causados pelo caso Cesare Battisti, a quem o governo brasileiro concedeu status de refugiado político.
Considerando que o motivo do cancelamento da visita da ministra italiana ao Estado foi a questão diplomática, o presidente da Federação de Agricultura de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedroso, lamentou que o asilo a Battisti tenha “destruído três anos de trabalho, contatos, viagens e articulações, jogando por terra todo o esforço da entidade, do governo catarinense e de outras instituições”. O dirigente destacou que o negócio com o país europeu era vital para os catarinenses porque, na área governamental, a Itália obteria autorização da União Europeia para importar animais vivos do Brasil. Conforme Pedroso, isso “abriria portas para futuros negócios como a exportação de suínos para a Europa”.
Conforme a Faesc, em novembro passado uma delegação italiana formada pelo senador Paolo Di Castro, ex-titular do Ministério de Políticas Agrícolas, Alimentares e Florestais da República Italiana e pelo presidente da União de
Importadores e
Exportadores de Carnes e Derivados da Itália (Uniceb), Renzo Fossato, esteve em Santa Catarina encaminhando ações para o fechamento do negócio. A intenção seria importar entre 100 mil e 150 mil bezerros por ano. As tratativas começaram em 2006.
Nos primeiros encontros, em 2007, foram discutidos o sistema de identificação dos bovinos e o atendimento aos procedimentos sanitários da União Européia para a exportação de bezerros de corte de seis a oito meses de idade para aquele continente.
A Itália importa mais de um milhão de bezerros por ano de vários países. De acordo com a Faesc, a delegação italiana compraria este ano 50 mil bezerros que os criadores catarinenses já abateriam normalmente após o nascimento em função de que o leite que esses animais consomem tem valor econômico maior que a carne. Por isso, os bezerros seriam embarcados para a Itália com idade entre seis e oito meses, com peso de 200 a 300 quilos. Lá seriam terminados em processo de engorda e abatidos para
produção de
carne.
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