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 | 20/01/2009 06h52min

Barack Obama toma posse dos EUA em cerimônia sem precedentes

Centro de Washington deve ficar pequeno nesta segunda, dia 20

Rodrigo Lopes  |  rodrigo.lopes@zerohora.com.br

Caberão os anseios do mundo em três quilômetros de extensão do National Mall? Os desejos de americanos como Nathalie, negra como o presidente eleito, que nessa segunda, dia 19, foi ao Capitólio rezar por Barack Hussein Obama? Suportará a gigantesca esplanada no centro de Washington os medos de Lauren, cujo marido militar está com viagem marcada para o Iraque? E caberão ali as dores de Paul, um mendigo que desde sexta-feira insiste em ficar na calçada no caminho do desfile do presidente, desafiando o maior esquema de segurança da história?

Palco histórico dos americanos, o centro de Washington, entre o Capitólio e o Memorial Lincoln, ficará pequeno a partir das 11h30min desta terça, dia 20, (14h30min em Brasília) para abraçar toda essa esperança.

Por diferentes razões, crenças e motivações, Nathalie, Lauren e Paul engrossarão a massa de 1 milhão a 2 milhões de pessoas que assistirão a uma cerimônia sem precedentes. A posse de um presidente com sobrenome árabe, a crise econômica que arrepia o planeta, a chegada de um negro ao topo da hierarquia de um país marcado por anos de segregação racial – todos esses ingredientes colaboram para dar um significado especial a este 20 de janeiro. Não é apenas a troca de um presidente. É uma mudança de era. Quando Obama aparecer nas escadarias do Capitólio e fizer o juramento, encerrará um dos mais conturbados períodos da história dos EUA. Chegam ao fim oito anos de mandato republicano de George W. Bush. Restará apenas sua sombra: duas guerras em aberto (Afeganistão e Iraque), a auto-estima e imagem de um país maculados, recessão e uma monumental crise financeira.

Pode um homem comum ser capaz de carregar as cruzes do mundo? Não. E é por isso que para muitos americanos, como Nathalie, que nessa segunda foi até a frente do Capitólio rezar, Obama é quase um deus, emerso dos guetos de Chicago para redimir a América.

– Ele será o melhor presidente que já tivemos. Você vai ver. Ele não é deste mundo – diz ela, quase chorando.

Às 11h30min de segunda (14h30min em Brasília), exatas 24 horas antes da posse, Nathalie marcava com suas botas de cano alto o chão coberto pela neve no National Mall. Natural do Kentucky, a americana pensa que Obama é um homem especial, mas não está blindado dos males do mundo.

– Ainda há muito preconceito nos EUA. Muita gente vai tentar matá-lo – prevê, falando de Obama como quem fala de um Messias.

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