| 15/01/2009 20h04min
O baixo volume dos estoques mundiais pode pressionar os preços das principais commodities. Esta é a opinião do Ministério da Agricultura, após a divulgação da estimativa da safra mundial de grãos. No entanto, alguns especialistas discordam e afirmam que a situação do mercado interno pode alterar essa tendência.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, deverão ser colhidos, no mundo, 2,2 bilhões de toneladas de grãos, um acréscimo de 5%. O trigo deve aumentar 11,9% em relação à safra passada e registrar um novo recorde: 682 milhões de toneladas. A previsão é de alta também para a soja – cerca de 5,6%, com uma produção de 233 milhões de toneladas. Para o arroz, a estimativa é de um incremento de 1,8% e uma safra de 439 milhões de toneladas. Apenas o milho é que pode registrar uma leve queda e fechar num patamar semelhante ao do ano passado: 791 milhões.
O levantamento mostra que, apesar de uma produção maior, grande parte dos estoques mundiais não será reposta. As únicas culturas que podem manter as quantidades armazenadas são o trigo e o arroz. Segundo um estudo do Ministério da Agricultura, feito a partir dos dados norteamericanos, o consumo de grãos como soja, trigo e milho aumentou, nos últimos cinco anos, muito mais que os índices de recomposição dos estoques mundiais. Um fator que pode ser favorável para a rentabilidade do produtor.
– Esta situação de aumento de consumo é uma situação decisiva para que a gente tenha até uma pressão sobre os preços. E, adicionalmente, a questão das estiagens na Argentina e no Brasil, nós podemos ter sim pressão de preços – afirma o coordenador de planejamento estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques.
Mas a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alerta que a situação do mercado interno deve interferir na sustentação dos preços. No caso da soja, a tendência mundial é de uma leve alta. Mas no Brasil, mesmo com a seca, o resultado pode ser diferente.
– As tradings, indústrias comercializadoras, não têm dinheiro para fazer estoque. Então é possível que haja um descasamento entre os preços internos e os internacionais, e aqui sofrer uma maior queda, principalmente, no período de maior oferta, que é na colheita – diz Rosemeire dos Santos, da CNA.
O cenário deve ser complicado também para o milho. A valorização internacional pode demorar a chegar ao solo brasileiro.
– Nós temos em torno de 12 milhões de toneladas em estoque de passagem e isso acaba sendo um fator que deprecia os preços neste ano – afirma Rosemeire.
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