| 15/12/2008 06h51min
A 36ª Cúpula do Mercosul, realizada nesta segunda, dia 15, e terça, dia 16, na Costa do Sauípe, na Bahia, terá como pano de fundo as relações argentino-uruguaias em suspense devido à instalação de uma fábrica de celulose e frentes de tempestade entre Brasil e Paraguai pela hidrelétrica de Itaipu.
Nos últimos anos, os conflitos entre os quatro Estados-membros plenos do bloco se multiplicaram, apesar de seus líderes terem expressado reiteradas vezes vontade política para a integração.
As relações entre Brasil e Paraguai passam por um momento delicado, sobretudo desde que o paraguaio Fernando Lugo chegou ao poder.
O ex-bispo cumpriu com o que prometeu em sua campanha eleitoral e exigiu que o Brasil revisasse o Tratado de Itaipu, que regula as operações da hidrelétrica de mesmo nome e cuja propriedade é compartilhada por ambos os países.
Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo em operação, foi construída com capital brasileiro sobre o fronteiriço Rio Paraná e tem potência instalada de 14 mil megawatts.
Segundo o Tratado de Itaipu, assinado em 1973, Brasil e Paraguai têm direito cada um a 50% da eletricidade gerada, e a energia não utilizada deve ser vendida ao outro sócio a preços fixados.
Cerca de 90% da demanda paraguaia são atendidos com apenas 5% da produção de Itaipu, e o resto acaba no Brasil, que paga por ela aproximadamente US$ 300 milhões anuais.
Segundo Lugo, o preço deve ser revisado, e subir até cerca de US$ 2 bilhões, o que o Brasil não aceita e sustenta que só pode ser discutido a partir de 2023, quando vencerá o tratado.
Em setembro, durante a primeira visita oficial de Lugo ao Brasil, o governo Lula e a comitiva de Assunção decidiram criar um grupo técnico de trabalho para analisar o tema. O líder brasileiro, no entanto, já esclareceu que não cederá para que o tratado seja revisado.
Em novembro, o Paraguai expressou mal-estar pela presença de soldados
brasileiros que faziam manobras militares a poucos metros da
fronteira comum. A Chancelaria paraguaia pediu "explicações" pelo que classificou como "recorrente atitude" de "confronto e provocação" por parte do Brasil, que atribuiu a presença militar a um "erro" dos soldados.
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