| 11/12/2008 08h33min
Papéis cobriam o mural do vestiário no Olímpico daquele ano de 1983. — Era a primeira coisa que a gente olhava — lembra o ex-jogador Paulo Roberto.
Nas folhas, o desenho de uma escada. Cada degrau simbolizava um objetivo. No final de novembro, quando os jogadores deram adeus às ilustrações, só faltava riscar à caneta o topo. Mas o último degrau seria alcançado fora do Olímpico, e bem longe de Porto Alegre: em Tóquio, onde o Grêmio foi campeão mundial de clubes há exatos 25 anos, no dia 11 de dezembro de 1983, ao vencer o Hamburgo (Alemanha) por 2 a 1.
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A tal escada era um truque para motivar os
jogadores. Eles precisavam de metas. Lá no Japão, acabaram recebendo outra
injeção de moral — e, inesperadamente, das mãos do adversário. Antipático, o treinador do Hamburgo, Ernest Happel, não escondia o desprezo que nutria pelo Grêmio. Seu time havia batido a poderosa Juventus, de Platini e Paolo Rossi, na final da Liga dos Campeões. Que viessem aqueles brasileiros desconhecidos.
– Assistimos a um teipe da decisão e ficamos temerosos – recorda Mário Sérgio.
Só que o comportamento de "superioridade moral" dos alemães (hospedados no mesmo hotel, nem cumprimentavam os brasileiros), virou combustível para o Grêmio.
– A arrogância deles aumentou nossa concentração – diz Mário Sérgio.
Nos dois dias de convivência com os rivais, a palavra sacrifício dominou o vocabulário. O meia-atacante Osvaldo, por exemplo, foi orientado pelo técnico Valdir Espinosa a mudar radicalmente de estilo. Ele revela:
– Era para eu seguir o Magath (habilidoso meia canhoto), onde ele
fosse. Ele não podia tocar na bola. Minha sorte é que ele ficou
mais no campo de defesa. Pude marcar mais na frente.
Osvaldo também lembra da "ducha fria" que foi tomar o gol de empate aos 41 minutos do segundo tempo, depois de Renato abrir o placar em uma jogada sensacional aos 38 do primeiro. O 1 a 1 saiu em cabeçada do zagueiro Schroeder, após cobrança de falta.
– Sabíamos que o forte deles era o jogo aéreo. Nos preparamos para isso – lamenta Mário Sérgio.
Mas o Grêmio também tinha suas jogadas ensaiadas. Em uma delas, o atacante Caio lançava na primeira trave a uma altura baixa e em velocidade. Tarciso ia sempre ao encontro da bola, puxava a marcação de um zagueiro e cabeceava para o gol.
Aos três minutos da prorrogação, porém, a bola ganhou altura maior do que o costume. Tarciso rememora:
– Só pude desviar o suficiente para que o Renato a recebesse mais atrás.
Foi mesmo o suficiente. Renato dominou com o pé direito, deu um rápido
corte no beque e chutou de esquerda, rasteiro, no contrapé do goleiro
Stein.
Era o gol que, no Japão, colocaria o Grêmio na história do futebol mundial. O gol que, deste lado do planeta, seria comemorado por torcedores gaúchos até raiar o sol daquele 11 de dezembro. E ainda hoje.
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