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 | 08/11/2008 01h16min

Lauro volta com prestígio após a atuação na Argentina

Goleiro colorado foi um dos destaques do time na vitória sobre o Boca Juniors na Sul-Americana

Diogo Olivier, de Buenos Aires  |  diogo.olivier@zerohora.com.br

Eis a cena emblemática, que talvez registre a diferença entre o Lauro que chegou e o que partiu ontem de Buenos Aires após defender até cobrança de falta de Riquelme na Bombonera. Enquanto ele piscava os olhos diante do clarão das luzes das emissoras de TV argentinas que o cercavam após o jogo de quinta-feira, Clemer passava anônimo pela zona mista, em direção ao ônibus, sem ser chamado por nenhum repórter para entrevistas. Bem ao contrário de Lauro, que tem como nova meta manter-se titular em 2009.

— Foi o jogo mais especial da minha vida — suspirava o filho de dona Fátima Lúcia, que cumpriu o ritual de falar com a mãe pelo celular minutos antes de partidas decisivas, só para ouvir dela um "eu te amo" que lhe dê segurança.

Confira gráfico sobre o esquema de jogo do Chivas:



Aos 28 anos, quando a carreira parecia condenada ao limbo dos níveis medianos do futebol brasileiro, Lauro conheceu, enfim, seu melhor dia. Foi um jogo só, pouco para garantir permanência no posto em 2009, como ele mesmo reconhece. Mas era o Boca Juniors. Na Bombonera, onde tantos já tremeram. Assim, de goleiro-tampão até o fim do ano, agora Lauro já é visto com outros olhos. Se continuar assim, quem sabe não é ele mesmo o ungido para herdar o cetro de Clemer?

— Para seguir como titular, antes preciso conquistar a confiança dos dirigentes, do time e dos torcedores. Esta partida, para mim, foi fundamental neste sentido — reconhece Lauro, que vinha tendo atuações contestadas. — E pensar que faltou só um pouquinho para pegar o pênalti do Riquelme.

Houve pelo menos cinco defesas salvadoras, algo que ainda não se tinha visto desde sua chegada ao Beira-Rio. Duas com os pés, outras duas ao espalmar para escanteio e a falta de Riquelme. Nesta, e também no pênalti, ele seguiu um velho conceito de goleiros com envergadura (Lauro mede 1m93cm). Não escolheu o canto e esperou a cobrança.

— Goleiro não pode levar gol de falta no canto onde está. Mesmo sendo o Riquelme batendo, a culpa ia ser minha.

Ontem foi dia de curtir o primeiro dia de glória. Não apenas na hora de comprar bermudas no shopping de luxo em frente ao hotel. Lauro parecia até mais enturmado, inclusive. Foi às compras com Alex, Magrão, Índio, Edinho e Bolívar, enquanto os reservas treinavam no CT do River Plate. Era onde estava Clemer, de quem tomou o lugar no time. Quieto, tímido, se soltou um pouco:

— Não tira muita foto, não — disse ao fotógrafo de ZH, Fernando Gomes. — Vão dizer que eu sou consumista.

Agora, orgulhoso mesmo Lauro ficou quando soube o que estava escrito no respeitado jornal El Clarín de ontem. A certa altura, o cronista da partida afirma que o "arqueiro" brilhou redobradas vezes.

— Mesmo, puxa...— sorriu Lauro, de fala mansa e pausada, natural de Andradina, no interior paulista.

Nada mau para quem, na véspera do jogo, era o único jogador a tirar fotos da Bombonera, talvez disposto a provar que um dia esteve ali. Com a chancela do El Clarin e de toda a mídia argentina, não será preciso. Sua atuação foi fartamente documentada. Agora, resta a ele mostrar que o Lauro de Buenos Aires será o mesmo no Beira-Rio, no Morumbi ou em Guadalajara.

Assista imagens da festa no aeroporto


Jogada comentada: o gol de Magrão na Bombonera

 
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