| 02/10/2008 14h
A queda da produção industrial, que recuou 1,3% em agosto, não está relacionada à crise financeira internacional nem ao aumento da taxa básica de juros, a Selic, que começou a ser elevada em abril. A avaliação é do economista Sílvio Sales, responsável pela Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo Sales, dois fatores explicam o recuo da produção medido pela pesquisa que, de uma forma geral, ainda não afeta a tendência de crescimento para o resto do ano. Sales atribui a queda à especificidade de calendário do mês de agosto, com dois dias úteis a menos que o mês anterior, e também ao crescimento robusto dos primeiros meses do ano.
— Parte da queda de 1,3% tem a ver com o fato de que por dois meses consecutivos a indústria vinha crescendo de uma forma muito forte e acumulando um crescimento de 4,3%. Além disso, o calendário desfavoreceu a comparação. Em agosto, houve dois dias úteis a menos do que julho desse ano e agosto
do ano passado.
Em relação a agosto de 2007, a produção da indústria no mês cresceu 2%, o que representa o 26° resultado positivo nesse tipo de comparação, logo, desde junho de 2006. De acordo com o economista, embora a previsão de crescimento para o ano seja inferior à expansão registrada no ano passado, quando a economia estava aquecida e alcançou os maiores patamares de crescimento, o arrefecimento do setor por causa da crise externa ou da alta da Selic — que já está em 13,75% — só será sentido em 2009.
— Isso leva algum tempo para chegar ao setor produtivo, pega primeiro o varejo — disse ao explicar que a crise financeira internacional teve seu ápice em setembro e deve levar cerca de seis meses para atingir o Brasil.
— Nas estatísticas disponíveis até agosto esses efeitos não estão visíveis.
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