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 | 01/08/2008 07h01min

Agronegócio norte-americano empolga-se com a valorização da soja

Embalados pela alta do grão, setores ligados ao campo estão à margem da crise

Ricardo Cunha  |  ricardo.cunha@rbsrural.com.br

O agronegócio nos Estados Unidos está vivendo um momento um pouco diferente da economia americana. A maior procura por commodities, como a soja, por exemplo, anima setores que vão desde a indústria de máquinas agrícolas, passando pelos produtores de biodiesel e até mesmo por quem trabalha com pesquisa genética. Para eles, a crise parece nem existir.

Em Moline, em Illinois, está localizada a maior fábrica de colheitadeiras da empresa John Deere. Seth Crawford, gerente de marketing da indústria, afirma que este é o melhor momento dos últimos 20 anos:

– É atípico! Em média, a procura por colheitadeiras aumentou 40% nos últimos tempos.

No ano passado, foram vendidas, só no mercado americano, 7.109 colheitadeiras e 13.373 tratores. Crawford atribui o bom desempenho à recuperação mundial dos preços agrícolas.

Na Bolsa de Chicago, David Lehmann, diretor de commodities da instituição, confirma a expectativa do representante do setor de máquinas e lembra que o maior consumo de alimentos pelos chineses e indianos tem mexido com o mercado. Além disso, cita a maior procura por milho para produção de etanol e de soja para biodiesel como responsável pela alta, que deve se manter por mais tempo.

E, para o setor de máquinas, quanto mais durar a valorização da soja, melhor. Com as vendas aquecidas, a produção não pára e, além disso, são desenvolvidos novos produtos como a recém-lançada 9770 STC, uma colheitadeira equipada com 18 computadores, motor de 360 HP e que promete ser 10% mais rápida do que os demais equipamentos no mercado (colhe 135 toneladas por hora). Preço? US$ 306 mil, não incluído o valor da plataforma, mais US$ 40 mil. Segundo Crawford, as colheitadeiras ficam quase todas nos Estados Unidos e Canadá, onde a preferência é por máquinas de maior porte e com maior potência.

A procura cada vez maior por soja também tem estimulado quem trabalha com pesquisas em biotecnologia. Na sede da Monsanto, em Saint Louis - Missouri, pelo menos três novos experimentos devem ser lançados nos próximos anos. O pesquisador da empresa Roy Fuchs comemora a presença da tecnologia RR (Roundup Ready) em 95% das lavouras americanas de soja e anuncia que, até 2010, deve chegar ao mercado um novo produto com resistência ao glifosato e com aumento de produtividade de até 11%.

– O produto atende às exigências atuais do mercado que demanda soja para alimento humano, ração animal e energia alternativa – afirma o pesquisador, ao anunciar também que até a metade da próxima década deve ser lançada uma outra variedade de soja com um rendimento 20% maior em relação aos produtos atuais.

Uma boa notícia para Tom Lacina, produtor de soja em Grinnell, em Iowa. Na safra atual, o agricultor não quis contrariar a tendência de mercado e também aumentou a área de plantio na sua propriedade. Agora, são 200 hectares com a cultura (transgênica e orgânica) que sustentam o entusiasmo no agronegócio americano. Em média, por safra, colhe 1,2 mil quilos por hectare na lavoura plantada só com soja orgânica.

– As indústrias chegam a pagar quatro vezes mais pela soja orgânica. É possível ganhar até US$ 30 por bushel (27,2 quilos) – afirma Lacina, que atribui a alta no preço da soja à maior procura pelo grão para produção de energia renovável.

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