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 | 25/07/2008 19h59min

Grupo estudará solução para conter alta nos preços dos fertilizantes

Custo do insumo chegou a ter variação de 178% entre 2007 e este ano

Sônia Campos, Brasília (DF)  |  reportagem@canalrural.com.br

Na próxima semana ocorrerá a primeira reunião do grupo de trabalho chefiado pela Casa Civil que vai estudar a produção e o mercado de fertilizantes. Ministros e entidades do setor irão buscar saídas para conter a disparada dos preços e a dependência externa. 

Os produtores estão sentindo no bolso o aumento nos preços dos insumos. Muitos acabam vendendo máquinas para cobrir os custos. No ano passado, o agricultor Ademar Isoton adquiriu um fertilizante por R$ 700 a tonelada. Neste ano, o mesmo produto está custando quase R$ 2 mil, um aumento de 178%. A pequena criação de suínos dele também não ficou de fora dos reajustes. O preço da ração e do composto nutricional subiu em torno de 40%.

– O preço [dos insumos] hoje está fora do normal, e a gente plantando com esses custos e os preços mínimos fixados pelo governo não vai conseguir ter renda nenhuma – diz ele.

A demanda mundial aquecida para a produção de alimentos é o vilão do aumento dos preços dos fertilizantes. Os macronutrientes conhecidos como NPK são os que mais pesam nessa conta. Para o Brasil, que importa 70% dos fertilizantes que consome, a situação é desfavorável. No ano passado foram utilizadas no total 24,6 milhões de toneladas e somente nove milhões foram produzidas internamente. O país compra do exterior 90% de potássio, 50% de fósforo e 65% de nitrogênio.

Para o Ministério da Agricultura, a solução para reduzir os preços internos dos insumos seria o aumento na produção brasileira de fertilizantes. O governo aposta que as medidas para elevar a oferta interna devem fazer efeito em um período de cinco a 10 anos. A previsão é de auto-suficiência em fósforo e nitrogênio e de queda na dependência de potássio.

Existem no Brasil 13 minas de fosfato sendo exploradas por concessionárias. A extração é feita a céu aberto, diferente da de potássio. Mais cara, é explorada no subsolo em profundidades que variam de 600 metros a um quilômetro. Hoje o Brasil tem uma jazida de potássio e quatro unidades de transformação do nitrogênio. Para aumentar a produção, o ministério quer uma participação maior da Petrobras no mercado de nitrogênio e é favorável à alteração do marco regulatório que permite a exploração das jazidas por empresas privadas.

– Em princípio pretende-se construir uma agenda positiva com as empresas que estão detentoras destas jazidas no sentido de que elas efetivamente explorem essas fontes e consigam retirar delas todo o potencial que têm. Mas se for necessário uma política mais agressiva, e acho que o Brasil precisa disso, se terá que criar uma empresa pública para explorar jazidas – disse o ministro Reinhold Stephanes.

Para o diretor-geral do Departamento Nacional de Produção Mineral, não é só a relação com as concessionárias que deve ser repensada. João Pinheiro acredita que o grupo de trabalho precisa estimular o diálogo do governo com a iniciativa privada. Ele cita como exemplo que muitas empresas têm receio de investir em pesquisas e depois ficar sem os licenciamentos ambientais. O grupo de trabalho vai reforçar a tese de que esse é o momento da agricultura brasileira.

– Essa crise dos alimentos no mundo deve ser aproveitada pelo Brasil porque o país é um grande celeiro e tem água, solo, um empresariado agressivo do ponto de vista de investimentos no agronegócio, tem uma agricultura familiar se desenvolvendo. Nós podemos ser uma das pontas de salvação para a segurança alimentar global, e precisamos de fosfato e potássio para fazer isso – argumenta Pinheiro.

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