| 30/06/2008 03h34min
O fechamento de novos acordos comerciais com países emergentes, ante os impasses com as negociações com a União Européia, e a revisão de assuntos internos, como a lenta adesão da Venezuela, dominarão a 35ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que ocorre hoje e amanhã na cidade argentina de San Miguel de Tucumán.
No encontro, os líderes do bloco - que une Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - também terão a missão de buscar um reposicionamento frente à crise global de alimentos, no momento em que alguns países da região tomam medidas para assegurar sua oferta interna.
O Mercosul endureceu sua exigência de acesso aos mercados agrícolas europeus, favorecido pelo contexto internacional de demanda de alimentos, enquanto a UE advertiu que não moverá nenhuma peça até que o bloco sul-americano abra seus setores de serviços e bens industriais. Neste cenário, avançar em acordos com países de outras regiões é uma válvula de escape.
Para isso, o bloco já
fechou um acordo com Israel e
negocia com o Marrocos e o Conselho de Cooperação do Golfo. Entre os anúncios formais esperados durante a cúpula, está um acordo de redução de tarifas preferenciais com a União Aduaneira da África Austral (veja quadro), com a meta de preparar um ambicioso tratado de livre comércio trilateral que inclua a Índia.
No plano interno, o Mercosul enfrenta demora na incorporação plena da Venezuela, que ainda precisa ser ratificada pelos parlamentos do Brasil e do Paraguai. Caracas protela sua parte na entrega da lista de produtos sujeitos à redução tarifária.
Do encontro, deve sair também a criação de um programa de integração produtiva e um fundo que funcionaria como garantia para pequenas e médias empresas que solicitarem empréstimos bancários. Esse mecanismo busca reduzir as desigualdades competitivas. O tema das assimetrias entre os sócios é uma queixa constante de Paraguai e Uruguai, que exigem maiores possibilidades dentro do bloco dominado por Brasil e Argentina.
Os representantes
deverão avançar no acordo para permitir que turistas chilenos, peruanos, bolivianos, colombianos, equatorianos e venezuelanos circulem livremente pelos países do Mercosul, portando apenas a carteira de identidade, e vice-versa. A dispensa de passaporte já vale entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Cristina blindada
Anfitriã da cúpula do Mercosul, a presidente argentina, Cristina Kirchner, desembarcará hoje em San Miguel de Tucumán. A cidade está blindada pelas forças de segurança para evitar protestos populares. Cristina, que entrou em conflito com o setor rural há três meses, está com graves problemas para aparecer em público fora da Grande Buenos Aires, onde está seu reduto eleitoral. No total, 300 integrantes da Polícia Federal vigiarão a área, além de 3 mil policiais provinciais e um grupo da Gendarmeria (corpo especializado em dissolver manifestações).
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