| 22/06/2008 09h10min
O Figueirense vive a expectativa de uma nova era. A aproximação com o Clube dos 13 é, hoje, mais do que um desejo; é uma perspectiva real. A inclusão na entidade, que traria um sensível acréscimo ao orçamento, pode representar uma estabilidade maior ao clube e a possibilidade de brigar, em igualdade de condições, com os grandes times do país.
O ano de 2009 é especial para o Furacão. Tem a divulgação das sedes para a Copa do Mundo de 2014 e o Estádio Orlando Scarpelli seria o palco dos jogos caso Florianópolis seja confirmada. Tem a Copa do Brasil, atalho para a Libertadores, em que o clube espera repetir a boa campanha de 2007 — perdeu a final para o Fluminense. Entrar para o Clube dos 13, neste contexto, seria, para os dirigentes, a coroação de todo o trabalho de uma gestão iniciada há uma década.
— Acredito que é uma justiça que se faz ao Figueirense e chega em uma boa hora ao clube, que ainda sofre os efeitos da distribuição desproporcional de valores. Em
breve espaço de tempo o
Figueirense estará sentado ao lado dos grandes clubes do Brasil — projetou o presidente do Conselho de Gestão, Norton Boppré.
A inclusão é uma questão de tempo. Pelo menos foi o que deixou claro o presidente da entidade, Fábio Koff, que recebeu o título de sócio-benemérito do Figueirense durante as comemorações de aniversário do clube, no dia 12 de junho.
— Já é uma reivindicação nossa. Sublinhei que não se compreende um clube que está há sete anos na Série A, de um Estado sem representante, ainda não fazer parte do grupo. Será um orgulho para nós receber o Figueirense — comentou.
Koff afirma que consultou o departamento jurídico da entidade para avaliar a possibilidade de uma emenda estatutária para a inclusão do clube catarinense e se proclamou "padrinho" da proposta. Depois de ser indicada, para realmente entrar no Clube dos 13 uma agremiação precisa ser aprovada pelo colegiado, composto por representantes dos 20 clubes membros. Por isso, é preciso
também todo um trabalho político
junto aos "colegas" dirigentes. O "jogo" já começou!
Há quase 20 anos, gerindo a receita polpuda
O Clube dos 13 completa 20 anos no dia 17 de julho. A primeira ata foi assinada por São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Santos, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Atlético-MG, Cruzeiro, Internacional, Grêmio e Bahia. Aos 13 clubes uniram-se mais tarde: Coritiba, Goiás, Sport, Portuguesa, Atlético-PR, Guarani e Vitória.
É deles a fatia mais grossa dos direitos de transmissão de televisão, a receita mais polpuda dos clubes brasileiros. E é nela que o Figueirense está de olho.
O piso é de 11 milhões, ou seja, o mínimo que eles recebem para ter seus jogos transmitidos. Quem não faz parte do grupo, entra no bolo através de um contrato de adesão e recebe R$ 5 milhões, pagos a partir de maio — para os membros, os recursos são repassados desde o início do ano. E só eles têm participação na divisão dos valores do contrato do
pay-per-view. Um incremento nos recursos que é o
sonho de consumo de qualquer direção de futebol. A alvinegra, por exemplo, lida, hoje, com um orçamento de R$ 22 milhões; chegaria a no mínimo R$ 32 milhões com a inclusão no Clube dos 13.
— Entrar para o Clube dos 13, fazer parte deste contrato, vai nos dar uma segurança muito maior em termos de orçamento e uma capacidade de investir mais no futebol. Assim, o nível das suas negociações vai aumentando — avaliou o superintendente da Figueirense Participações, Rodrigo Paraíso, um dos responsáveis pela montagem do elenco alvinegro.
Rodrigo explica que o clube precisa fazer um volume específico de negociações por ano para manter o padrão orçamentário. Esta é uma das quatro fontes de receita — as outras são a televisão, os patrocinadores e os torcedores (sócios ou bilheteria) — e tem crescido bastante nos últimos anos em termos de valores. Negociações que antes rendiam 150 mil dólares ao Figueirense, agora podem render 500, 600 mil euros.
Esta realidade,
porém, não vai mudar com o aumento
das verbas disponíveis, por uma questão de mercado. Ainda mais agora que muitas empresas estão investindo na compra de direitos de atletas. Como elas só ganham com transferências, quanto mais o jogador trocar de clube, melhor para os investidores. E só com um orçamento consistente uma agremiação será capaz de manter seus craques por mais tempo, para que eles possam sair ainda mais valorizados, depois de ajudar o time a conquistar posições de destaque nos campeonatos que disputa.
— Isso é uma dinâmica típica do mercado brasileiro. Em algum ponto, todos os clubes acabam negociando, todo mundo acaba perdendo atleta. Mas, com um orçamento maior, você pode manter o atleta por mais tempo no clube — refletiu o dirigente.
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