| 06/06/2008 05h44min
O Palácio do Planalto avalia que a denúncia de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pressionou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a aprovar a venda da Varig, em 2006, para a Volo do Brasil.
A acusação teria potencial de desgaste muito maior que o do recém-concluído episódio do dossiê sobre os gastos com cartões corporativos.
Há consenso de que a ex-diretora da Anac Denise Abreu está disposta a ir para o enfrentamento, postura completamente diferente da adotada por José Aparecido Pires, que vazou à oposição o levantamento de gastos do governo Fernando Henrique Cardoso e sempre manteve diálogo com o governo e o PT.
Temendo até mesmo a instalação de uma CPI, conforme ameaça da oposição, o governo preferiu inclusive tomar ontem a dianteira e apresentou um requerimento na Comissão de Infra-estrutura do Senado, convidando Denise Abreu para prestar esclarecimentos sobre a denúncia que fez. O depoimento foi marcado para a
próxima quarta-feira.
Foram aprovados
ainda os convites a mais 11 pessoas, entre os quais o ex-presidente da Anac Milton Zuanazzi, o juiz Luiz Roberto Ayoub, que cuidou do processo de recuperação judicial, e Roberto Teixeira, advogado dos compradores da VarigLog e amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusado por Denise de fazer lobby no Palácio do Planalto.
A ordem no núcleo do governo é evitar a todo o custo a convocação de Dilma em qualquer comissão, como desejam o PSDB e o DEM. A tentativa será restringir o caso a uma decisão da Justiça a favor da Varig. A mobilização será para blindá-la, pois o governo teme que Dilma tenha virado alvo político depois que seu nome ganhou visibilidade como o favorito de Lula a sua sucessão em 2010.
Ontem, a Anac decidiu agir e deu 30 dias para que a VarigLog, controlada pelo fundo americano Matlin Patterson por decisão judicial, apresente uma nova composição societária para atender à legislação.
Entenda o
caso
Afastada da Anac desde agosto de 2007, a
ex-diretora Denise Abreu disse ter provas da interferência do governo federal na venda da Varig em 2006. A companhia estava em processo falimentar. Denise acusou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de ter feito pressão para o órgão regulador tomar medidas favoráveis ao negócio, deixando de observar, por exemplo, se os sócios brasileiros da VarigLog, empresa interessada na compra, tinham recursos suficientes para assumir a empresa — o que poderia indicar que o verdadeiro dono seria o fundo de investimento americano Matlin Patterson. A legislação brasileira proíbe estrangeiros de ter o controle de companhias aéreas. A ministra Dilma disse que as informações divulgadas por Denise são falsas.
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