Os hábitos de consumo dos brasileiros ainda estão longe de serem ambientalmente corretos, de acordo com uma pesquisa da ONG WWF Brasil e do Ibope, divulgada nesta quinta-feira, dia 5. O estudo mostrou que o comportamento da população é considerado insustentável.

A pesquisa verificou como estão os hábitos dos brasileiros na hora de consumir alimentos, água e energia. Os resultados apontam o início de uma consciência ecológica, mas que ainda preocupa.

Os critérios para comprar os produtos nos supermercados foram comemorados. A metade dos entrevistados afirmou que avalia o preço, qualidade e o respeito a questões ambientais. No entanto, 31% observa apenas o valor, enquanto 13% não tem critérios definidos e 6% dá prioridade às questões ambientais e sociais.

– É isso que nós queremos incentivar, que, ao ter acesso a algum produto, os cidadãos não avaliem apenas o valor e a aparência, mas que se preocupe com a origem daquele produto, se aquela empresa tem respeito às questões ambientais e socioemabientais – afirma Irineu Tamaio, coordenador do Programa de Educação para Sociedades Sustentáveis da WWF.

Já o consumo de produtos de origem animal preocupa um pouco, já que 34% das pessoas comem carne vermelha todos os dias, enquanto pouco mais da metade o faz uma ou duas vezes por semana. Raramente, apenas 13% e 2% afirma não comer nunca.

Já os peixes, ovos e laticínios, 23% da população consome sempre. Uma ou duas vezes por semana, são 59%. Raramente, por sua vez, 17% e 1% afirma não comer este tipo de produtos nunca.

– Sempre que o consumo de carne e derivados aumenta, aumenta também a demanda. E sempre que a demanda aumenta, exige-se um crescimento de produção e acaba havendo uma elevação do desmatamento – complementa Tamaio.

Em relação ao lixo doméstico, quase 70% da população não faz a separação. Um quarto das pessoas consultadas separam o lixo orgânico do seco, mas apenas 5% encaminha os resíduos secos para a reciclagem. A menor parte, 3%, diz não se preocupar com a questão.

Sobre o consumo de água, a pesquisa mostrou que muita gente ainda toma banhos demorados, sendo que 11% dos entrevistados fica menos de cinco minutos, 43% entre cinco e 10 minutos, 33% entre 10 e 20 minutos e 13% passa mais de 20 minutos sob o chuveiro.

Ricos são menos ecológicos

O levantamento mostrou ainda que o consumo das famílias de maior renda é insustentável no Brasil. Os mais ricos acabam consumindo mais alimentos, mais energia e mais água sem tanta preocupação ambiental, além de utilizar mais meios de transporte poluidores.

Segundo a pesquisa, se a população mundial adotasse o mesmo padrão de consumo das classes A e B do Brasil, seriam necessários três planetas Terra para repor todos os recursos naturais.

– A pergunta que colocamos é o que o seu cotidiano, seu modo de vida interfere no planeta. O que é que eu, individualmente, estou fazendo, incidindo, no planeta que é de todos – afirma Denise Hamú, secretária-geral da WWF Brasil.