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 | 29/04/2008 11h58min

"Queremos reverter imagem de monstro agrícola que associam ao Brasil", diz presidente da Abag

Carlo Lovatelli anunciou que associação e Itamaraty vão lançar plano de promoção do biocombustível brasileiro na Europa

O presidente da Associação Brasileira de Agribusiness, Carlo Lovatelli, rebateu as críticas da ONU e da União Européia sobre o conflito entre a produção de alimentos, biocombustíveis e o meio ambiente. Ele deu entrevista ao Canal Rural nesta terça-feira, dia 29, na Agrishow, em Ribeirão Preto (RS).

– Isso é um item polêmico principalmente rebuscado pelas autoridades de consumo européias, mas o Brasil não tem a ver com essa briga. O país tem áreas que ainda podem ser exploradas pelo agricultor brasileiro sem ter que derrubar uma só árvore – disse Lovatelli.

 

Ele, que esteve em Buenos Aires na semana passada para participar da reunião mundial da soja responsável, ressaltou que o assunto, e inclusive o desmatamento da Floresta Amazônica, foi pauta do encontro.

– Reiteramos que para o Brasil isso não tem fundamento porque os biocombustíveis não demandam uma área grande de plantio e que, no que diz respeito ao abastecimento interno de alimentos, atendemos a demanda interna com sobras para exportação – ressaltou.

Lovatelli reconhece que o anúncio feito no Brasil nesta segunda-feira, dia 28, pelo ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, de que a União Européia vai estabelecer exigências para os países exportadores de biocombustíveis pode causar dificuldades aos produtores norte-americanos de etanol e de biodiesel europeus, mas não deve impactar os brasileiros.

– Essa briga está mais circunscrita aos Estados Unidos e à Europa, onde o cultivo para a produção de biocombustíveis é invasivo – argumenta.

Sobre as declarações feitas também nesta segunda-feira pelo relator da ONU para o Direito à Alimentação, Jean Ziegler – de que a transformação de alimentos em biocombustíveis é uma “verdadeira tragédia” perante a fome no mundo, e uma das principais causas da alta dos preços dos produtos alimentícios – o dirigente da Abag reafirmou que isso não vale para o Brasil. Lovatelli anunciou que a associação vai trabalhar junto ao Itamaraty para definir ações de promoção do biocombustível brasileiro na Europa, principalmente na Holanda e na Bélgica, de onde partem as críticas mais duras.

– As ações de lobby terão por objetivo contar a nossa versão da história e reafirmar que a produção de alimentos no Brasil não conflita com o meio ambiente para os grandes players e a mídia européia. Queremos reverter a imagem de monstro agrícola que estão associando ao Brasil – explicou.

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