A Agrishow 2008 foi aberta oficialmente, nesta segunda-feira, dia 28, mas o pensamento já está nos próximos anos, com feiras maiores e mais bem estruturadas. Foi a intenção manifestada tanto pelo presidente do evento, Roberto Rodrigues, quanto pelo secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, João Sampaio.

Como se trata de uma área de pesquisa, o local onde é realizada a Agrishow só pode ser concedido à iniciativa privada por um prazo de cinco anos. As entidades que organizam o evento querem uma concessão maior para investir e reforçar a infra-estrutura.

O secretário João Sampaio comprometeu-se a discutir a reivindicação dos organizadores da Agrishow com o governador de São Paulo, José Serra e com a Assembléia Legislativa, já que a mudança na concessão depende de projeto de lei.

Sampaio concorda que o prazo maior torna possível a realização de obras que ampliem, por exemplo, a quantidade de banheiros, restaurantes ou o auditório. Mas o secretário ressaltou que a iniciativa depende da apresentação de um projeto pelos organizadores e envolveria apenas a chamada área estática, onde são localizados os estandes.

– Precisa de investimento de longo prazo. O sistema Agrishow vai apresentar o projeto e se atender aos critérios, eu vou ser o grande defensor no governo do Estado – garantiu.

Se depender o presidente da Agrishow, Roberto Rodrigues, a proposta a ser apresentada vai além do que disse o secretário da Agricultura. Segundo ele, estruturação do local onde se realiza a feira envolveria a concessão de maior área e até a construção de hotel, pista de pouso e centro de convenções.

– Com toda essa estrutura, seria possível fazer três feiras, não apenas uma – disse Rodrigues.

Como contrapartida, a idéia é incentivar os proprietários rurais da região a investirem em pesquisa, compensando, desta forma, a área maior a ser concedida para a organização da Agrishow.

Agronegócio Forte

Durante a cerimônia de abertura da Agrishow 2008, o tom dos discursos foi de contestação da tese de que a produção de bioenergia é a principal responsável pela alta nos alimentos e de pedidos de mais atenção para o agronegócio.

O presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, Fábio de Salles Meirelles, reivindicou que o setor tenha mais influência nas decisões sobre a política econômica do país.

– Não podemos ficar isolados. Temos um poder econômico consolidado – disse Meirelles.

Discurso endossado pelo prefeito de Ribeirão Preto, Welson Gasparini, para quem o produtor rural era visto como atrasado. Ele ressaltou a necessidade de mais investimentos em armazenagem e aperfeiçoamento de mecanismos como o seguro rural, mas disse que o setor agrícola também deve se unir mais.

– Ou os produtores se unem nas suas entidades ou não avançam – sentenciou o anfitrião.

Já o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, criticou o protecionismo à produção agrícola adotado pelos países mais ricos, que, segundo ele, atrasaria o desenvolvimento dos mais pobres. Chinaglia elogiou, por outro lado, a postura do Brasil, de buscar novos mercados, como Oriente Médio.

Homenagem

Seguindo a tradição de homenagear uma personalidade do agronegócio, a organização da Agrishow escolheu Alysson Paolinelli, que foi ministro da Agricultura entre 1974 e 1979. Ele recebeu a homenagem das mãos do presidente da feira, Roberto Rodrigues e disse que, apesar de sincera, a referência é injusta:

– Receber esta homenagem na Agrishow tem um significado importante, porque, se Ribeirão Preto é a capital do agronegócio, esta feira é a principal trincheira de luta do agronegócio brasileiro.